Escrito no precipício de uma separação, o single “Time Difference” captura um momento de percepção, quando dois amantes vêem as suas vidas em direcções opostas. Pessoal e comovente, a faixa foi escrita no meio de uma série de datas com Will Varley em 2018, quando Ailbhe (nome irlandês que se pronuncia ALVA) começou a adoptar o estilo de vida fora de horas exigido a um músico em tour. Sozinha no seu quarto de hotel depois de um concerto em Glasgow, a disparidade entre a agitada vida nocturna da cidade com seu próprio isolamento parecia ecoar os sentimentos vacilantes de solidão e emoção que ela sentia naquele momento da sua vida. Parando num momento de reflexão e percepção, "Time Difference " encaixou perfeitamente ali mesmo.
“A letra mostra o que é eu lidar com o fazer com que algo resulte à distância enquanto vivo num horário completamente diferente da minha namorada em casa.” diz Ailbhe. “Mas também alcança outros tempos doutras relações onde eu não consegui fazer as coisas resultar pelas mesmas razões, havia sempre algo no caminho, fosse a distância física ou o tempo”.
Escrito com a eloquência e postura típicas de Ailbhe, é ao mesmo tempo reconfortante e comovente. Apoiado em arranjos felizes de indie-pop que lembram Sufjan Stevens ou SOAK, é um single que se entrelaça na sua consciência.
O doce vídeo "Time Difference" mostra Ailbhe em parceria com o seu velho amigo e realizador Ciaran O'Brien. Olhando para os temas da faixa através de uma lente leve, o vídeo foi filmado em Dublin em dois dias e Ailbhe é a estrela do vídeo enquanto percorre uma série de trabalhos com horas anti-sociais, aparentemente fora de sincronia com o resto do mundo. Como Ailbhe diz: “Eu queria representar esse sentimento de estar numa agenda diferente de todos os outros, mostrando como seria se eu trabalhasse num escritório. Passei muitos dos meus vinte e poucos anos a trabalhar em escritórios enquanto fazia concertos nocturnos em Dublin por isso queria divertir-me um pouco agarrando nessa ideia.”
Produzido por Erland Cooper e Tommy McLaughlin (produtor e membro de SOAK ao vivo), o single é apenas uma das muitas faixas profundamente íntimas e absorventes planeadas para aparecer no seu disco de estreia que será lançado pela editora de Ailbhe, Friends of the Family.
O disco
Ailbhe Reddy anuncia o seu disco de estreia Personal History com lançamento previsto em Portugal para 2 de Outubro de 2020 pela Street Mission Records.
Três anos depois, a estreia de Ailbhe Reddy é uma colecção íntima e introspetiva de canções que ruminam os ritos de passagem de uma artista jovem, emergente e ‘queer’ de Dublin.
Em Personal History, a capacidade de Ailbhe de escrever canções de auto-avaliação sincera e honesta vê-a navegar autobiograficamente por finais de relacionamentos na era das redes sociais (“Looking Happy”), fazer reflexões sobre a dualidade entre solidão e independência durante as suas tours (“Time Difference”), e a revelar a sua orientação sexual (“Between Your Teeth” e “Loyal”).
Tendo feito uma pausa na música para estudar psicoterapia por um ano durante a gravação do seu álbum, há uma sensação de que Ailbhe aplica uma nova compreensão e empatia às perspectivas e problemas das pessoas que a rodeiam, além de analisar indirectamente os problemas da sua vida. O estimulante “Self Improvement” dá lugar a um diálogo sobre as dificuldades em lidar com a saúde mental, enquanto outras músicas dissecam com maior precisão questões como aprender a conviver com o fracasso ("Late Bloomer") e enfrentar os medos de compromisso ("Failing" e "Walk Away").
Reflectindo sobre o impacto que a psicoterapia teve nas suas composições, Ailbhe diz: “Estive um ano a estudar psicoterapia antes de começar a escrever este álbum e apercebi-me, enquanto o gravava, de que de forma subconsciente inclui vários termos clínicos nas minhas letras. Palavras como ego, verdadeira intimidade, história pessoal e auto-melhoramento. Os temas sobre compreensão do meu medo e dependência das relações com os outros, a minha frustração comigo mesma, o meu percurso de auto-aceitação. O conjunto de canções que no final decidi juntar neste álbum estão todas ligadas ao meu desejo, como compositora, de me compreender e de compreender os que me rodeiam. Escrever é ser compreendido, a música é terapia.”
Reunindo estas experiências externas a melodias aperfeiçoadas ao longo dos anos, Ailbhe chega a uma longa lista de 18 gravações demo. Sentindo-se confiante com o seu trabalho, contactou Erland Cooper (a quem foi apresentada em 2017 quando escreveu “Walk Away”) e Tommy McLaughlin (produtor e membro da tour de SOAK) que receberam os seus temas com forte entusiasmo, ambos oferecendo as suas qualidades e experiência de produção. Tendo estabelecido a sua residência no ambiente estimulante dos Attica Audio Recording Studios de McLaughlin em County Donegal (Irlanda), imersos num cenário inspirador e longe das distrações da cidade, o trio desenvolveu uma calorosa sintonia com o sentimento de visão partilhada que originou o disco de estreia de Ailbhe.
“Após cada sessão com o Erland, senti que aprendi sempre sobre mim e sobre a minha escrita, o que é bastante raro.” Elogia Ailbhe. “Trabalharam várias vezes juntos e eu admiro o trabalho do Tommy há anos, o que para mim acabou por ser uma oportunidade para trabalhar com os meus dois produtores de sonho no meu álbum de estreia. Pretty sweet!”
Uma visita de James Byrne, o companheiro de banda de McLaughlin (ex-Villagers), deu a oportunidade ao baterista de gravar alguns dos seus ritmos. Após duas semanas, o grupo refinou as 18 demos e transformou-as em 10 canções altamente polidas, chegando finalmente a Personal History. Seja o pop mais perguiçoso da canção de abertura do álbum, “Failing”, ao estilo de Julia Jacklin, as influências das girl bands dos anos sessenta em “Time Difference”, a acústica íntima e sussurrante de “Walk Away”, o folk delicado de “Loyal”, ou o título marcante ao estilo Big-Thief da balada “Personal History”, um resultado de várias influências e histórias reais. Embora magistralmente embelezadas por um estúdio de música de classe mundial, as canções de Personal History permanecem tão expressivas musicalmente quanto as letras são emotivas, nunca perdendo de vista as suas origens.
“Enquanto escrevia este álbum ia mergulhando bastante no mundo da psicoterapia e da teoria do apego… os diferentes aspectos que moldam uma pessoa acabarão por afectar o seu relacionamento contigo.” disse Ailbhe. “Todas as canções do álbum falam sobre as minhas relações com outras pessoas e a última canção fala da minha relação comigo mesma, por isso o titulo ‘Personal History’ fez sentido.”
Personal History, com capa também da autoria de Ailbhe, é um álbum que não só é fiel ao seu título como também é fiel à própria artista. É um disco que documenta tanto a história que acompanha o seu crescimento e evolução, como é uma análise terapêutica. Um capítulo muito específico da história de Ailbhe até hoje com o qual muitas pessoas se irão identificar. Uma catartese, um estudo de caso da alma. Personal History é um álbum para apreciar e para estimar.