Esta novela de Mário de Sá-Carneiro conta a história de um triângulo. Uma história de amor, obsessão, loucura e suicídio. Um crime fantástico, sexual, anormal. Lúcio aproxima-se de Ricardo que é casado com Marta, que se aproxima de Lúcio. Há quem diga que Ricardo é Lúcio numa projeção que o autor faz de si. E que Marta será a ponte entre eles. Mas será Marta real? E quem morre no fim?
Sejam as personagens quem realmente forem, este é um texto claramente estranho, desafiante de colocar em cena. Uma inusitada incursão pela mente humana, entre a Lisboa dos cafés literários e a Paris boémia, numa espiral decadente. Com mais de um século, não deixa de ser inovador o tratamento que faz de temas como o género, a sexualidade e a arte.
O espetáculo adapta o texto e segue-o quase por completo, dando palco a uma verdade inverosímil, como nos diz o protagonista. O público terá de a aceitar assim mesmo. Sá-Carneiro matou-se com apenas 26 anos. Já nessa altura terá descoberto que somos outros dentro das nossas cabeças e que as consequências disso podem ser fatais.