Esta semana dentre as várias estreias de cinema nas salas nacionais o "Cultura e não Só" destaca as seguintes:
Gabriel e a Montanha
Em 2009, depois de buscas que duraram semanas, o jovem economista brasileiro Gabriel Buchmann foi encontrado sem vida, devido a hipotermia, no Monte Mulanje, no Malawi. Oito anos após a sua morte, o realizador Fellipe Barbosa ("Casa Grande"), seu amigo, decidiu realizar este filme, onde são recriados os últimos 70 dias de Buchmann em África. Para tal, consultou notas pessoais e e-mails enviados a amigos e familiares, observou as fotos deixadas na sua máquina fotográfica e seguiu rigorosamente o seu trajecto. À excepção de João Pedro Zappa e Caroline Abras, que interpretam Buchmann e a namorada, Cristina, o elenco do filme é constituído pelas diversas pessoas que se foram cruzando com o protagonista ao longo da viagem.
O Nosso Cônsul em Havana
Em 1872, José Maria de Eça de Queirós é nomeado cônsul em Havana (Cuba). Enquanto representante máximo do Governo português, um dos principais propósitos que o leva àquele país é resolver um problema humanitário: libertar milhares de trabalhadores de origem chinesa usados como escravos nas plantações de cana-de-açúcar. Mas, para o conseguir, terá de contornar costumes enraizados e enfrentar a fúria de Don Zulueta, um escravocrata habituado a enriquecer às custas da exploração, e que vai fazer os possíveis para que a mudança não aconteça.
Com realização de Francisco Manso ("Aristides de Sousa Mendes - O cônsul de Bordéus", "Assalto ao Santa Maria", "A Ilha dos Escravos" ou "O Testamento do Senhor Nepumoceno"), um filme de ficção baseado em factos reais, com argumento de António Torrado, em colaboração com José Fanha. Versão cinematográfica da série homónima exibida, em 2019, na RTP, a acção desenrola-se durante o período em que o escritor Eça de Queiró (1845-1900) se estreava na carreira diplomática como cônsul português em Havana. Com Elmano Sancho no papel de protagonista, o elenco conta também com a participação de Mafalda Banquart, António Capelo, Joaquim Nicolau, Luísa Cruz, João Lagarto, José Eduardo, Rodrigo Santos e Pedro Frias, entre outros.
Capitão Fausto em Sol Posto
"Sol Posto", não se vá ao engano, é declaradamente um filme-concerto, no sentido em que não há ficção ou grandes momentos documentais de bastidores. Há uma banda a atravessar a noite, com "flashes" dos dias que a antecederam, e a encenar-se para os olhos presentes – que, pormenor fundamental, não são os do público, mas os da câmara. "Sol Posto" não está no lugar dos concertos que, em 2020, ficámos impossibilitados de viver da mesma maneira. "Todos nós sentimos que filmar simplesmente um concerto, com público ou sem público, não valia a pena. Um concerto implica também estar entre pessoas. Tem esse lado de comunhão. Mas o cinema em sala também o tem", aponta o realizador, Ricardo Oliveira. Este não é, portanto, um concerto dos Capitão Fausto ou um filme sobre os Capitão Fausto. É o encontro de um com o outro, uma contaminação mútua.