Com o romance “A Luz de Pequim”, Francisco José Viegas é o vencedor da 23ª edição do Prémio Literário Fernando Namora, referente a 2020, instituído pela Estoril Sol, com o valor pecuniário de 15 mil euros.
“Romance de avaliação de experiências passadas e incertezas actuais, “A Luz de Pequim” é uma obra que interroga o tempo e o que fazermos dele”, registou em acta o Júri, presidido por Guilherme d ´Oliveira Martins.
Ao eleger “A Luz de Pequim”, o Júri salientou, ainda, que “o que nos fica é, sobretudo, um conjunto complexo de personagens e das respectivas vidas, com os seus conseguimentos e os seus fracassos”.
Para Francisco José Viegas, como se definiu numa entrevista sobre o livro vencedor, “escrever um romance exige uma grande dose de observação, ouvir as conversas dos outros. Às vezes digo "não me contem isso porque que vou pôr isso no livro". O romance policial, como eu o vejo, é uma constante operação de plágio da realidade. Um jogo. E, neste caso, obriga-me a ser portuense e a vestir a pele de um portuense”.
Francisco José Viegas congratulou-se por esta distinção e por o seu nome integrar a lista de vencedores do Prémio Literário Fernando Namora: “Sinto-me muito grato e fico naturalmente feliz com este prémio, e por vários motivos. Pelo meu personagem, inspetor Jaime Ramos, que me acompanha há vários livros com o mesmo pessimismo e a mesma má vontade; por este prémio reconhecer o trabalho que me levou a concluir mais uma história; e também por levar o nome de um escritor que, não sendo da minha família literária, é tão importante para a nossa língua e para a nossa memória. Sinto-me muito honrado por isso”.
E concluiu: ”agradeço o Prémio do fundo do coração, e sei que ele impõe mais responsabilidade àquilo que pretendo ser como escritor: um contador de histórias que acredita no poder das histórias contadas aos leitores através dos livros. Nas circunstâncias atuais, tão difíceis, receber o Prémio Fernando Namora obriga-me a ficar ainda mais grato à minha família, aos meus filhos, aos meus amigos e às pessoas que leram e escolheram o livro. É um prémio que me ajudará a escrever o livro seguinte”.
Francisco José Viegas nasceu na Aldeia do Pocinho, Vila Nova de Foz Côa, Alto Douro, em 14 de Março de 1962. Viveu alguns anos em Chaves, onde completou os estudos secundários. Formou-se em Letras na Universidade Nova de Lisboa, tendo exercido funções de docência na Universidade de Évora (1983-87).
Professor, jornalista e editor, é responsável pela revista “Ler” e foi, também, director da revista “Grande Reportagem” e da Casa Fernando Pessoa. De Junho de 2011 a Outubro de 2012, exerceu o cargo de Secretário de Estado da Cultura. Colaborou em vários jornais e revistas, e foi autor de vários programas na rádio (TSF e Antena 1) e televisão (“Livro Aberto”, “Escrita em Dia”, “Ler para Crer”, “Primeira Página”, “Avenida Brasil”, “Prazeres”, “Um Café no Majestic”, “A Torto e a Direito”, “Nada de Cultura”).
Da sua obra destacam-se livros de poesia (“Metade da Vida”, “O Puro e o Impuro”, “Se Me Comovesse o Amor”) e os romances “Regresso por um Rio”, “Crime em Ponta Delgada”, “Morte no Estádio”, “As Duas Águas do Mar”, “Um Céu Demasiado Azul”, “Um Crime na Exposição”, “Um Crime Capital”, “Lourenço Marques”, “Longe de Manaus” (Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores 2005), “O Mar em Casablanca”, “O Colecionador de Erva” e “A Poeira que Cai sobre a Terra e Outras Histórias de Jaime Ramos”.
Os seus livros estão publicados em várias línguas. “A Luz de Pequim” é o seu romance mais recente.
Recorde-se que, o Júri desta 23ª edição do Prémio Literário Fernando Namora, para além de Guilherme d`Oliveira Martins, integrou, ainda, José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores; Maria Carlos Gil Loureiro, pela Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas; Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários; e, ainda, Maria Alzira Seixo, José Carlos de Vasconcelos e Liberto Cruz, convidados a título individual, além de Dinis de Abreu, em representação da Estoril Sol.