“Ninguém Tem De Saber” é o 2º tema que serve de apresentação ao disco de estreia de Silente e é da autoria de Miguel Dias e com letra de Miguel Dias e Frederico Pereira. A voz, como nos restantes temas, é de Filipa Caetano. O tema conta ainda com a participação de Miguel Ângelo que assegurou as baterias e as percussões no disco, sendo que neste tema toca tabla, instrumento musical de percussão de origem indiana.
Este será, provavelmente, o tema mais simples deste disco e, possivelmente, aquele cujo resultado final mais se poderá aproximar do pop. Ainda assim, prevalece o gosto pela experimentação e a procura duma sonoridade única e irrepetível, o que se estende ao longo de todo o disco. “Ninguém Tem De Saber” tem como base um teclado ligado a pedais de guitarra, enquanto que a tabla, em uma das 2 pistas com que foi gravada, tem um delay associado.
DISCO
Silente é o novo projecto de Miguel Dias (ex-Rose Blanket) e Filipa Caetano, e que conta com a colaboração do escritor/poeta Frederico Pedreira nas letras.
O disco é o resultado de uma paciente maturação que se estendeu pelo período 2015-2019, durante o qual o gosto pela experimentação contribuiu para alongar, sem pressas, todo o processo criativo. As primeiras gravações datam de 2015, em Mindelo, tendo sido ainda feitas gravações em Figueiró dos Vinhos, durante 2017, para a captação de baterias e percussões. No entanto, a maioria das gravações foi feita em casa pelo Miguel Dias, que ainda fez a mistura.
A masterização foi feita pelo Miguel Pinheiro Marques (Arda Recorders).
A totalidade dos temas é de autoria de Miguel Dias que assegurou, igualmente, grande parte da instrumentação. As vozes são de Filipa Caetano, que já tinha colaborado com Miguel Dias no último disco de Rose Blanket, Nothing Ahead Nothing Behind. Participaram ainda no disco Miguel Gomes (guitarras em 2 temas e algumas percussões), Miguel Ramos (baixo em 3 temas) e Miguel Ângelo (baterias e percussões).
Este primeiro disco, homónimo, a sair no próximo dia 6 de Novembro, estará disponível em todas as plataformas digitais habituais (Spotify, Amazon, YouTube, iTunes etc), bem como no site do projecto no Bandcamp.
A edição física foi limitada e encontra-se a ser pensada uma forma de chegar às pessoas que queiram ter o disco no formato CD, já que se decidiu não recorrer aos espaços de venda habituais e também não sendo possível a venda em concertos, já que estes não existirão. Quanto à ausência de concertos, tal não está associado ao actual contexto, tendo sido uma opção tomada por Miguel Dias já por altura do último disco de Rose Blanket. Ao mesmo tempo, Miguel Dias pretende focar-se nesta altura em iniciar a gravação da parte II e última de Silente.
O nome "Silente" sugere a procura de um espaço sem "ruído" exterior onde a criação possa fluir livremente.
"Silente conta uma história. Uma terra de ninguém chamada “Vale Caspo”, línguas sem nome que se enredam num falar estrangeiro. Seguimos viagem, quase como num sopro: “Uma Manhã Mais” e estaremos em casa. Alguém atravessa estas canções e espreita as horas num coração irrequieto. “Ninguém Tem de Saber”, com o seu caleidoscópio de cores fragmentadas, fala-nos ao ouvido, diz-nos um pouco do segredo desta terra. Na escalada do tema “Em Espera”, com o seu latejar compassado, adivinha-se a promessa de um sentido, algures entre “Fogo, Farsa, Fantasmas”, cenário íntimo e marcial. Há uma região desolada como “Centralia”, que se revela um torvelinho de vozes iniciadas em mistério. E o viajante vai para onde o chama uma caixa de música em chamas, convidando-o a uma “Dança de Passos Trocados”, jogo da cabra-cega com a solidão. “Perto, Tão Perto” é o lugar do espanto, a cada instante renovado num passe de mágica, e há também notícia de um “Coração Lento” que vai aprendendo o jogo da paciência, na sua toada de guitarras encostadas à sombra da tarde. “Apaixonada” é a visão derradeira do viajante que se detém com as mãos cheias de vento. Chegámos finalmente a casa, alguém diz.