Após um ano de pandemia, no final do mais longo confinamento imposto desde o seu início, a Adecco Portugal sondou 100 empresas portuguesas para tentar perceber como as restritas medidas sanitárias de combate à Pandemia Covid-19 impactaram as suas atividades e que consequências tiveram nos recursos humanos.
Para ter uma perceção mais rigorosa do que se alterou no primeiro trimestre de 2021 na gestão dos recursos humanos nas empresas, foram colocadas questões de enquadramento à atividade, que permitissem uma leitura mais fina desta realidade no tecido empresarial nacional.
Assim, a Adecco Portugal questionou os players de mercado sobre o impacto geral da Pandemia, e em particular na afetação das Vendas, Rentabilidade, Investimentos e Recursos Humanos em diversos setores de atividade.
Neste contexto, sobre quais as expetativas de recuperação da atividade económica, importa destacar que apenas 5% das empresas considera que a economia vai melhorar muito até final de 2021, e que 31% crê que os impactos negativos vão agudizar-se.
Mas a maioria (54%) das empresas inquiridas acredita que o contexto económico vai melhorar um pouco até ao final do ano, o que perspetiva uma situação positiva na área dos Recursos Humanos. Todavia, deve ter-se em atenção que a maioria das respostas a esta sondagem são dos setores do retalho e indústria, que sofreram um menor impacto da pandemia, ao contrário de setores ligados ao turismo, como hotelaria e restauração, que outros estudos indicam viverem um clima menos otimista.
As medidas de apoio ao emprego libertadas pelo Governo português permitiram à grande maioria das empresas manter os seus postos de trabalho, sendo que 80% não tem intenção de despedir.
A grande ilação que a Adecco Portugal retira desta sondagem é que, não obstante mais de metade das empresas ter tido um impacto negativo ou parcialmente negativo (59%) em virtude da pandemia, os apoios ao emprego libertados pela Governo durante o primeiro trimestre de 2021 permitiram à esmagadora maioria das empresas inquiridas (80%), não ter intenções de despedir colaboradores.
Das que têm intenções de despedir colaboradores, 43% apontam a área fabril, 21% as áreas administrativas e de logística. Das empresas que não irão dispensar colaboradores 61% considera a hipótese de ter que admitir mais funcionários precisamente na mesma área em que algumas empresas irão despedir (área fabril 47%, Administrativa 28% e logística 19%).
Estes dados permitem refletir sobre o que as empresas perspetivam, mas também aproximar os perfis profissionais das necessidades das empresas que reagiram perante um evento tão raro como a pandemia. Será que os perfis profissionais pré-pandemia serão os mesmos da pós-pandemia? Esta sondagem indica que não.
Importa aqui realçar que 50% das empresas sentiram necessidade de realocar recursos durante este período, o que pode explicar esta aparente contradição e que invoca a necessidade de as organizações manterem, conforme os setores de atividade, a necessidade de recursos com formação especializada mais atual, combinados com perfis mais flexíveis e polivalentes.
Tal é, aliás, confirmado pelas maiores dificuldades sentidas na contratação de recursos humanos sentida pelas empresas inquiridas: falta de colaboradores mais especializados (61%) e com skills mais polivalentes (57%).