quinta-feira, 5 de novembro de 2020

O Mapeador de Ausências é o novo romance de Mia Couto


Diogo Santiago é um prestigiado e respeitado intelectual moçambicano. Professor universitário em Maputo, poeta, desloca-se pela primeira vez em muitos anos à sua terra natal, a cidade da Beira, nas vésperas do ciclone que a arrasou em 2019, para receber uma homenagem que os seus concidadãos lhe querem prestar.

Mas o regresso à Beira é também, e talvez para ele seja sobretudo, o regresso a um passado longínquo, à sua infância e juventude, quando ainda Moçambique era uma colónia portuguesa. Menino branco, é filho de um pai jornalista e sobretudo poeta, e de uma mãe toda sentido prático e completamente terra-a-terra. Do pai recorda o que viveu com ele: duas viagens ao local de terríveis massacres cometidos pela tropa colonial, a sua perseguição e prisão pela PIDE, mas sobretudo, e em tudo isto, o seu amor pela poesia. Mas recorda também, entre os  vivos, o criado Benedito (agora dirigente da FRELIMO) e o seu irmão Jerónimo Fungai, morto a tiro nos braços da sua amada, a bela e infeliz Mariana Sarmento, o farmacêutico Natalino Fernandes, o inspector da PIDE Óscar Campos, a tenaz e poderosa Maniara, e muitos outros; e de entre os mortos sobressaem o régulo Capitine, que vê uma mulher a voar, o soldado Sandro, que nasceu antes do seu século, e, acima de todos, Ermelinda, também conhecida por Almalinda por quem tem dificuldades com os erres e com os eles.

Paralelamente, na actualidade, uma história de amor que talvez não tenha chegado a sê-lo. Depende do ponto de vista.

O Mapeador de Ausências é um romance de grande fôlego cuja acção decorre no Moçambique pré e pós-independência. Dezenas de extraordinários personagens, tão ricos quanto diversos e complexos, e uma intriga que se vai desenrolando diante do leitor com tanto de rigor lógico quanto de inesperada surpresa, fazem deste romance uma das melhores obras do autor e um dos grandes livros do ano.

Recordamos que Mia Couto é detentor de vários prestigiados galardões literários, nomeadamente o Prémio Camões.