quinta-feira, 24 de junho de 2021

"Abaixo da Cintura" nos Recreios da Amadora


Estreou ontem e fica em cartaz até ao próximo dia 4 de julho a peça de Teatro "Abaixo da Cintura" nos Recreios da Amadora.

Sinopse
Três homens trabalham como controladores para uma misteriosa multinacional, num país distante e desconhecido. Longe das famílias e isolados dos restantes trabalhadores do complexo industrial. Estão completamente dependentes uns dos outros. Para alcançarem o Poder lutam entre si, utilizando como no boxe golpes baixos, Abaixo da Cintura.

A traição, a mesquinhez, os ciúmes mas também a fraternidade e a solidariedade humana estão evidenciadas nesta comédia negra onde o absurdo impera. A qualidade desta criação assenta, em 1o lugar no texto - um dos grandes textos do teatro contemporâneo na linha de Pinter ou Beckett, exibido por todo o território dos Estados Unidos, mas também com grande êxito na Europa - onde a manipulação das palavras e das ideias são tratadas com um sentido de humor aguçadíssimo e bastante inteligente. 
Como elemento distintivo destaca-se a sonoplastia, com um importante papel de relevo, funcionando como se fosse uma personagem. 

Num momento em que se coloca em causa a viabilidade da continuação do actual modelo económico, assente na exploração de recursos, ignorando a sua finitude, a apresentação desta peça assume particular pertinência, na medida em que, coloca em perspectiva o absurdo deste modelo civilizacional, ao mesmo tempo que ressalta a desumanização dele decorrente. 

O desenraizamento, a falta de ligação com um tempo e um espaço, mantidos indefinidos, funciona como uma metáfora do actual momento de charneira entre as últimas gerações herdeiras do séc. XX e a emergência de um novo paradigma para o séc. XXI. 

Expõe também a distância, a dificuldade da relação com o outro. Os modelos de organização laboral assumem particular importância, a falência dos modelos emergentes da Revolução Industrial e do taylorismo, a procura de soluções que permitam a conciliação da vida profissional e familiar e o impacto na saúde, particularmente, na saúde mental, que os modelos organizacionais de elevada competitividade têm. 

Finalmente, o tema da exploração cega de recursos numa óptica de “desenvolvimento económico” que, na prática não é mais do que um mimetismo da lógica dos descobridores e exploradores dos séc. XV e XVI.
Uma imposição e falta de assimilação das efectivas condições das realidades onde actuam, está em linha com a agudização e, cada vez maior consciência do impacto da intervenção humana no meio ambiente, e na exaustão e extinção de recursos naturais. 
Destacamos a universalidade do texto, bem como a temática transversal a todos os homens e a todas as sociedades subjugadas por sistemas onde, o materialismo e o capitalismo selvagem predominam.

Sobre o Autor

As peças de Richard Dresser têm sido produzidas nos Estados Unidos e na Europa. Entre elas contam-se "Rounding Third", que estreou em Chicago, apresentou-se off-Broadway e teve centenas de produções. 
Um filme baseado nesta peça com John C. McGinley e Garret Dillahunt, foi lançado em 2016. As peças "Below the Belt" e "Gun-Shy" estrearam no Actors Theatre durante o "Humana Festival de Louisville", continuando a sua carreira em Nova Iorque off-Broadway. 

"Below the Belt" deu origem ao filme "Human Error" realizado por Robert M. Young e apresentado no "Festival Sundance". 

O autor escreveu uma trilogia de peças sobre a felicidade na América composta por Augusta (classe trabalhadora), The Porsuit of Happiness (classe média) e A View of the Harbor (classe alta). Entre as suas outras peças contam-se: "The Last Days of Mickey & Jean", "Something In The Air", "The Downside", "Alone At The Beach", "Wonderful World", "Better Days", e ainda várias peças mais curtas. Uma nova obra dramática, "Trouble Cometh", sobre dois executivos aprisionados numa luta existencial, contra um prazo impossível de cumprir, foi apresentada na "San Francisco Playhouse", na primavera de 2015. 
Uma outra peça: "Closure", estreou nesse mesmo verão no "New Jersey Repertory Theatre" em Long Branch, com Wendie Malick e Gary Cole.

Sobre o Encenador

Em 1987, Jorge Silva, concluiu o Curso de Formação de Actores na "Escola de Formação de Actores do Centro Cultural de Évora", e desde essa data trabalhou como actor profissional na "Companhia de Teatro de Braga", "Teatro da Malaposta" /CDIAG, "Artistas Unidos", "Teatro dos Aloés", entre outras companhias.
Trabalha regularmente em cinema, teatro e televisão. É co-fundador do Teatro dos Aloés e actor/encenador permanente desta companhia.
Shakespeare, Tchekov, Goldoni, Brecht, Athol Fugard, Lars Norén, Pau Miró, M´Hamed Ben Guetaff, Jacinto Lucas Pires, Mário de Carvalho, entre outros, foram alguns dos autores que tem levado à cena como actor ou encenador.