A retrospetiva sobre a obra da realizadora irlandesa Lynne Ramsay e os 51 filmes que integram as competições internacional e experimental do 29ª Curtas são as novidades anunciadas hoje pelo festival vila-condense. Com novas datas já divulgadas, 16 a 25 de julho, o evento decorrerá no formato normal, com sessões em sala a decorrerem nos horários alargados anunciados para a nova fase do desconfinamento. Assim como em 2020, o Curtas de Vila do Conde reafirma a aposta num formato híbrido que combina as projeções em sala em vários locais do país e exibições VoD, permitindo assim alargar o seu público a nível nacional e internacional.
Intenso, poético, vibrante, inquieto, assombroso: estes são alguns dos adjetivos possíveis para o cinema de Lynne Ramsay, um dos nomes mais relevantes do cinema contemporâneo, detentora de uma obra verdadeiramente singular e original. Com uma filmografia ainda pouco extensa, cada um dos filmes desta realizadora nascida em Glasgow é um portento inesquecível, repleto de momentos e imagens que ecoam no tempo e ficam na memória. Como muitos realizadores que passam pelo festival, Ramsay começou a sua carreira nas curtas-metragens, tendo cedo se distinguido: em 1996 a sua primeira curta, Small Deaths, foi galardoada no Festival de Cannes com o Prémio do Júri, o mesmo entregue, em 1998, a Gasman; e em 2000 recebeu o prémio do Júri de Clermont-Ferrand por Kill the Day, a sua terceira obra. As três obras serão incluídas no programa especial que o Curtas lhe dedica, ao lado das quatro longas que trilham caminho para um afirmação do seu cinema, no quadro do culto. Além do inolvidável We Need to Talk About Kevin (Temos de Falar sobre Kevin) – filme que marcou uma geração e joia da coroa de Ramsay –, o festival apresentará as longas Ratcatcher, You Were Never Really Here (Nunca Estiveste Aqui) e Morvern Callar (O Romance de Morven Callar). Com uma apetência especial para contar histórias de personagens densas e por tema como a morte, o trauma e a relação com o luto, os seus filmes assinam a visão particular com que Ramsay aborda o cinema e a sua procura incessante pela não repetição e a reinvenção da sua própria linguagem.
Mantendo o corpo competitivo habitual, que reúne anualmente alguns dos nomes mais reconhecidos da curta-metragem a nível mundial e exibe simultaneamente obras de cineastas emergentes, o 29º Curtas organizará 13 sessões, 9 da Competição Internacional e 4 da Experimental, com 51 títulos oriundos de 24 países, numa seleção que volta a cruzar o documentário, a ficção e a animação. Em destaque, na Competição Internacional, os regressos de Ana Elena Tejera (New Voices 2020), Virpi Suutari, Georges Schwizgebel, Bárbara Wagner e Benjamin de Burca e Guy Maddin. Palavra especial também para a as estreias nacionais de David, curta realizada por Zachary Woods, conhecido pela interpretação de Gabe Lewis na comédia The Office da NBC, e protagonizada pelo comediante Will Ferrel; Night for Day, de Emily Wardill, obra que tem como eixo central um conjunto de entrevistas a Isabel do Carmo, revolucionária da resistência contra o regime fascista em Portugal; e Quattro Strade, de Alice Rohrwacher, um diário impressionista sobre a vida durante o primeiro confinamento geral em Itália. No campo da Competição Experimental, marcam presença no Curtas 6 filmes portugueses, realizados por Sandro Aguilar, Lúcia Prancha, Pedro Maia, Margarida Albino, Kate Saragaço-Gomes e Helena Gouveia Monteiro. Regressam a Vila do Conde: Rosa Barba, Christoph Girardet, Matthias Mueller, Morgan Quaintance e Peter Tscherkassky, todos eles vencedores de prémios em edições passadas do festival.
A programação final do festival será revelada no decurso dos próximos meses, assim como os detalhes sobre a compra de bilhetes. O 29º Curtas Vila do Conde tem o apoio da Câmara Municipal de Vila do Conde, do Ministério da Cultura, do Instituto do Cinema e Audiovisual e de vários parceiros imprescindíveis à realização do festival.