Protagonista de uma brilhante carreira que se estende há mais de quatro décadas, a compositora finlandesa Kaija Saariaho é uma das figuras mais destacadas da música europeia contemporânea. O culto da música espetral beneficiou muito com o seu contributo. Mas em terrenos menos abstratos, houve um instrumento que sempre despertou a sua atenção.
A asa do sonho, de 2001, explora, precisamente, as nuances expressivas do timbre da flauta, da sua respiração à frente de cuidadas texturas orquestrais. A inspiração provém de uma coleção de poemas de Saint-John Perse, o escritor francês que recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1960. Nesses textos, o voo e a vida das aves transporta-nos por entre metáforas que refletem sobre a existência humana, num confronto de dois universos substancialmente contrastantes, o Ar e a Terra.
O programa completa-se com a nobreza melódica de duas composições para as cordas da orquestra assinadas por nomes ilustres da música da segunda metade do século XIX. No caso do norueguês Edvard Grieg, evoca-se duas canções sobre poemas intitulados Feridas do Coração e Última Primavera. Já na companhia do russo Piotr Ilitch Tchaikovsky, é recordada uma viagem à cidade italiana de Florença.
Nas Asas do Sonho
Orquestra Metropolitana de Lisboa
Sábado, 19 de junho, 19h00, Teatro Thalia
Domingo, 20 de junho, 17h00, Museu dos Coches (Picadeiro Real)