A educação em Portugal foi levada durante mais de 40 anos a uma situação dramática. A posição dos professores foi posta em causa. E abriu‑se uma brecha para o impensável. Este é um livro em que a ficção se mistura com a realidade para contar aquilo que até parece mentira. Há alunos que batem nos professores? Sim. Perceber os quês e os porquês dessa realidade a que se chegou é imperativo. Mais ainda hoje em que há fortes razões para temer que a escola que aí vem seja uma exacerbação dessa «escola» que durante tanto tempo houve. Uma narrativa tocante que revela a realidade como só a ficção pode fazer.
«Sim, a bofetada da ex-aluna não foi, afinal, mais do que isso: uma simples bofetada, uma bofetada banal, uma bofetada normal. Ou, dito de outro modo, apenas mais uma bofetada normal inserida como um elo normal no encadeamento normal de bofetadas normais com que a normalidade social, fora e dentro da escola […], tem vindo, desde há muito tempo, a agredir e a ofender a dignidade do ser professor.
— E a cadeia de bofetadas ainda vai continuar a crescer, a aumentar e a engrossar — disse num murmúrio triste, de olhos fechados, amolecendo-se no sofá. — Estamos ainda muito longe do fim…»
Sobre o Autor
Manuel Nunnes nasceu em Pampilhosa da Serra, em 1953. É licenciado em Filosofia pela Universidade de Coimbra e em Teologia pelo Instituto Superior de Estudos Teológicos de Coimbra. Alargou esta sua formação académica de base fazendo incursões nas áreas de Psicologia e Ciências da Educação (Universidade de Coimbra) e Estudos Portugueses (Universidade Clássica de Lisboa). Actualmente lecciona no Ensino Secundário. Tem publicadas diversas obras de índole pedagógica.