Imagens com História
Desde que a humanidade conseguiu retratar através de imagens nos mais diversos suportes, os momentos históricos quer de guerras, dramas sociais, conquistas e até as situações mais bizarras da vida, estavam por si só a criar a base de dados com os registos e as provas concretas da sua própria história para as gerações vindouras e a posteridade. Com isto surge o poder da imagem. Processo esse que se valorizou cada mais até à actualidade, com o objectivo de manter essa base de dados, sempre actualizada a cada acontecimento e dia que passa.
Foto invulgar do acidente com o comboio Expresso Paris-Granville da companhia dos Chemins de fer de l'Ouest, rebocado pela locomotiva nº 721, na Gare Montparnasse em 22 de Outubro de 1895. O comboio que saiu de manhã de Granville com destino a Paris, com 131 passageiros a bordo. Aparentemente, o maquinista da locomotiva Guillaume Marie Pelerin, não travou a tempo ao chegar ao interior da estação e embateu contra os bloqueios de fim de linha, arrastando-os cerca de trinta metros, embatendo depois na parede exterior do edifício e saltando para fora da estação, a uma distância de cerca de dez metros na praça de Rennes, ficando a locomotiva pendurada a 12 metros de altura e apoiada na ponta dianteira no solo do exterior. Todos os passageiros do comboio que acabara de chegar sobreviveram. O maquinista deste comboio que tinha 19 anos de experiência, foi condenado a dois meses de prisão e a uma multa de 50 milhões de francos. Cinco pessoas ficaram feridas e a única vitima fatal foi Marie-Augustine Aguilard, uma senhora, que estava numa banca de jornais e foi atingida por os destroços da parede do edifício da estação. Durante quatro dias a locomotiva ficou como estava após o acidente, até ser retirada. Somente o átrio da estação e uma parte da fachada foi destruída. Foi considerado um dos acidentes ferroviários mais incomuns da história ferroviária francesa.
Nesta foto algo curiosa e polémica em 30 de Junho de 1922, o agente de polícia Bill Norton mediu a distância entre o joelho e o fato de banho das banhistas na praia Tidal Basin, em Washington, depois de ordens dadas pelo coronel Sherrill da Superintendent of Public Buildings and Grounds, em que foi ordenado que os trajes de banho não estivessem a mais de quinze centímetros acima do joelho. Isto para que as jovens ficassem decentes enquanto desfrutavam de seu mergulho de verão. Preocupações puritanas de outros tempos.
A imagem impressionante da menina correndo nua com queimaduras no corpo, logo após uma bomba de líquidos inflamáveis, Napalm, ser lançada pelo exército norte-americano sobre um pequena aldeia, chocou a opinião mundial, durante a Guerra do Vietnam em 8 de Junho de 1972. A fotografia foi tirada por Huynh Cong Ut da agência Associated Press e recebeu o World Press Photo de 1972 e o prémio Pulitzer de Reportagem Fotográfica de 1973. A criança na época com cerca de 9 anos, de seu nome Phan Thị Kim Phúc, também conhecida como Kim Phúc. A realidade da imagem trouxe contornos mais humanos para o olhar sobre o conflito e foi o "rastilho" para que a população norte-americana pressionasse o fim da invasão. O que finalmente, aconteceu em 1973, o então presidente Richard Nixon assinou o acordo de paz entre os Estados Unidos e os vietnamitas. Phan Thị Kim Phúc é a embaixadora da Boa Vontade da UNESCO e reside actualmente no Canada.
O capitão de Cavalaria, Salgueiro Maia dispensou as botas de cano alto, a boina preta, os óculos Ray-Ban, para a "Operação Fim-Regime" e vestiu uma farda de trabalho nº 3 igual à dos homens que comandava. Quis dizer-lhes, acredita quem esteve com ele no golpe, que todos arriscavam igualmente a vida por uma causa, o derrube da ditadura, e não por um qualquer feito heróico. Foi na manhã do dia 25 de Abril de 1974, ocorreu na Rua do Arsenal a primeira escaramuça entre os militares revoltosos e os do regime. Porém, foi na Avenida da Ribeira das Naus que teve lugar a situação mais complicada. No Terreiro do Paço o capitão concluiu, pelas 10:45 da manhã, que o golpe tinha vencido. Foi quando enfrentou um blindado M47, dono de um poder de fogo demolidor. Sozinho e com uma granada no bolso (se fosse preso far-se-ia explodir, criando um mártir e talvez levando ao ganho de causa por essa via), gritava para a Rua Ribeira das Naus, onde o tanque se encontrava: "O comandante das forças venha dialogar comigo!" Esse oficial, brigadeiro Junqueira Reis, 2.° governador militar de Lisboa, respondeu: "Não, venha você cá!" E Salgueiro Maia: "Não não, venha cá o senhor." Até que Junqueira Reis, segundo uma das versões, se virou para o alferes que comandava a tripulação do M47 e ordenou: "Dispare sobre aquele homem." A ordem foi desobedecida e o brigadeiro deu voz de prisão ao alferes, que saiu da torre e seguiu detido num jipe da Polícia Militar. Logo após, Junqueira Reis repetiu a ordem ao cabo apontador do blindado: "Dispara!" Fê-lo por duas vezes e em ambas seria de novo desobedecido, permitindo que Salgueiro Maia e os seus homens controlassem o Terreiro do Paço e avançassem em direcção ao Largo do Carmo, onde se encontrava Marcello Caetano. Nessa manhã de Abril, o momento derradeiro deste episódio, foi captado pela câmara do fotógrafo português Eduardo Gageiro. Era o princípio do fim de um regime de ditadura fascista de 41 anos em Portugal.
A dispersão do protesto de Tian'anmen em 5 de Junho de 1989, ficou simbolizada nos meios de comunicação ocidentais pela fotografia de um manifestante solitário, denominado "O Rebelde Desconhecido", também conhecido como "O Homem dos Tanques". Foto e imagem em vídeo durante os protestos repercutida em todo o mundo durante as revoltas na praça Tianamen. Várias fotografias foram tiradas do homem, que ficou em pé em frente a uma coluna de tanques chineses Type 59, forçando-os a parar. O homem de pé, frente a uma coluna de tanques, detendo seu avanço. O homem continuou desafiante, encarando os tanques durante um longo período de tempo, antes de ser expulso daquele lugar. Apesar dos esforços, até hoje os meios de comunicação ocidentais foram incapazes de identificar a figura solitária. Uma das fotos mais reproduzidas foi a tirada por Jeff Widener da Associated Press, da sacada do Beijing Hotel, a cerca de 800 metros da cena. Widener estava ferido e gripado na ocasião. Embora ele tivesse achado que suas fotografias não tivessem sido boas, as imagens foram rapidamente reproduzidas pelo mundo. Pouco depois do incidente, o diário britânico Sunday Express identificou o homem rebelde desconhecido como sendo Wang Weilin, um estudante de 19 anos de idade; entretanto, a veracidade dessa identificação é duvidosa. Bruce Herschensohn, assistente especial do presidente dos Estados Unidos Richard Nixon e membro da equipe de Ronald Reagan, assegurou que ele foi executado catorze dias depois da revolta, por um pelotão de fuzilamento. No entanto Jan Wong escreveu que esse homem segue com vida e está escondido na área rural da China. William Bell, escritor canadiano, assegura que o estudante se chamava Wang Aimin e foi executado em 9 de Junho. Ficou assim um mistério sobre quem era este "Rebelde Desconhecido".
Durante os atentados de 11 de Setembro de 2001 foram uma série de ataques terroristas suicidas cometidos naquele dia nos Estados Unidos por membros da rede jihadista Al Qaeda, mediante o sequestro de aviões de linha com a finalidade de choca-los em vários alvos, causando a morte de cerca de 3000 pessoas, mais de 6000 feridos, a destruição do World Trade Center em Nova York e danos graves ao Pentágono. Os ataques foram cometidos por dezanove membros da rede jihadista Al-Qaeda, divididos em quatro grupos de sequestradores, tendo cada um deles um terrorista piloto responsável por pilotar o avião, após a redução da tripulação da cabine. Os aviões dos vôos 11 da American Airlines e 175 da United Airlines foram os primeiros a ser sequestrados, sendo ambos colididos contra as torres gémeas do World Trade Center. Mundo nunca mais seria o mesmo.
"Uma imagem vale mais que mil palavras"
Confúcio
Texto:
Paulo Nogueira
Publicação feita ao abrigo do acordo de partilha de conteúdos entre o blogue "Histórias com História" e o site "Cultura e Não Só".