A primeira pergunta que lhe fazem sempre é como aprendeu a falar e, logo a seguir, em que língua sonha. Filha de pai e mãe surdos que se separaram pouco depois de terem os filhos – e sempre recusaram a vitimização, opondo ao isolamento do silêncio um carácter extremamente combativo e passional –, a protagonista deste livro viveu uma infância verdadeiramente febril, sempre a andar de um lado para o outro – de Brooklyn, em Nova Iorque, para Basilicata, uma aldeiazinha em Itália – e da mãe para o pai; mas, tal como uma planta obstinada, foi capaz de criar raízes em todo o lado e, já adulta, acabou por replicar este comportamento migratório, fosse por causa dos estudos, da emancipação, do inescapável amor.
Sempre Estrangeira é a história de uma educação sentimental contemporânea, desorientada pelo passado e pela consciência das diferenças físicas, das distinções sociais, da pertença a um lugar. Parte memória, parte narrativa culta e romanesca, é uma viagem fascinante em busca da auto-afirmação, na qual a geografia, a arte e a linguagem são simultaneamente armas de revolta e de redenção.