Reunindo os três únicos livros de poemas de José Saramago – Os Poemas Possíveis, Provavelmente Alegria e O Ano de 1993 –, Poesia Completa apresenta ainda um texto inédito. Como nos esclarece Fernando J.B. Martinho no posfácio à obra: «Da sua poesia se pode dizer o que Sena disse da de Gedeão, outro nome de revelação poética tardia, quando nela assinalou a confluência de muitas das "conquistas expressivas do modernismo".».
O livro já se encontra em pré-venda e estará disponível nas livrarias a 20 de outubro
José Saramago estreou-se como poeta em 1966, no ano em que celebrou quarenta e quatro anos de vida. Voltaria à poesia em 1970, com Provavelmente Alegria, no qual, «desenvolvendo e depurando o tratamento de temas que já vinham de Os Poemas Possíveis, se abre a orientações novas que o aproximam do poema em prosa», explica o prólogo do presente volume. A sua aventura poética encerrar-se-ia volvidos cinco anos, com O Ano de 1993. Publicado no auge do movimento revolucionário, compõe-se de trinta poemas de extensão variável que descrevem, num estilo que é ao mesmo tempo «realista e metafórico», a ocupação de um país por um invasor cruel.
Sobre o Autor
Autor de mais de 40 títulos, José Saramago nasceu em 1922, na aldeia de Azinhaga. As noites passadas na biblioteca pública do Palácio Galveias, em Lisboa, foram fundamentais para a sua formação. «E foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela leitura se desenvolveu e apurou.» Em 1947 publicou o seu primeiro livro que intitulou A Viúva, mas que, por razões editoriais, viria a sair com o título de Terra do Pecado. Seis anos depois, em 1953, terminaria o romance Claraboia, publicado apenas após a sua morte. No final dos anos 50 tornou-se responsável pela produção na Editorial Estúdios Cor, função que conjugaria com a de tradutor, a partir de 1955, e de crítico literário. Regressa à escrita em 1966 com Os Poemas Possíveis. Em 1971 assumiu funções de editorialista no Diário de Lisboa e em abril de 1975 é nomeado diretor-adjunto do Diário de Notícias. No princípio de 1976 instala-se no Lavre para documentar o seu projeto de escrever sobre os camponeses sem terra. Assim nasceu o romance Levantado do Chão e o modo de narrar que caracteriza a sua ficção novelesca. Até 2010, ano da sua morte, a 18 de junho, em Lanzarote, José Saramago construiu uma obra incontornável na literatura portuguesa e universal, com títulos que vão de Memorial do Convento a Caim, passando por O Ano da Morte de Ricardo Reis, O Evangelho segundo Jesus Cristo, Ensaio sobre a Cegueira, Todos os Nomes ou A Viagem do Elefante, obras traduzidas em todo o mundo. No ano de 2007 foi criada em Lisboa uma Fundação com o seu nome, que trabalha pela difusão da literatura, pela defesa dos direitos humanos e do meio ambiente, tomando como documento orientador a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Desde 2012 a Fundação José Saramago tem a sua sede na Casa dos Bicos, em Lisboa. José Saramago recebeu o Prémio Camões em 1995 e o Prémio Nobel de Literatura em 1998.O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou postumamente, a 16 de novembro de 2021, José Saramago com o grande-colar da Ordem de Camões, pelos «serviços únicos prestados à cultura e à língua portuguesas», no arranque das comemorações do centenário do nascimento do escritor.