É um equívoco pensar em Jorge Luis Borges sobretudo como narrador, ensaísta e prosador; ao longo de toda a sua vida, desde o primeiro livro, foi um grande e insistente poeta. «Um volume de versos não é mais do que uma sucessão de exercícios mágicos. O modesto feiticeiro faz o que pode com os seus modestos meios», escreve Borges. As palavras que o argentino escreveu entre 1923 e 1985, pinceladas como aguarela, foram traduzidas para português por Fernando Pinto do Amaral.
Uma edição de luxo, que chega às livrarias a 20 de outubro – e onde a belíssima ilustração de Lia Ferreira realça o volume de capa dura e sobrecapa que agora reúne a poesia de Jorge Luis Borges.
Construída com sabedoria, clareza, elegância clássica e rigor formal, a sua poesia é um monumento da literatura, uma espécie de música que passa do fascínio pela tradição e pela filosofia para a cifra de uma ordem obscura do mundo e – finalmente – para o nó decisivo da sua obra, onde assentam os pilares do seu legado: os livros, a memória dos labirintos, os espelhos, o amor, a cegueira, as cosmogonias dispersas, o mar, as cidades e a eternidade dos grandes textos lidos como elementos de salvação.
De Fervor de Buenos Aires (1923), sua primeira recolha de poemas, até Os Conjurados (1985), passando por O Fazedor (1960), Elogio da Sombra (1969) ou A Rosa Profunda (1975), a obra poética de Jorge Luis Borges é um extraordinário legado de beleza que este volume reúne na sua totalidade.
Sobre o Autor
Jorge Luis Borges nasceu em Buenos Aires, em 1899. Cresceu no bairro de Palermo, «num
jardim, por detrás de uma grade com lanças, e numa biblioteca de ilimitados livros ingleses». Em
1914 viajou com a família pela Europa, acabando por se instalar em Bruxelas, e posteriormente
em Maiorca, Sevilha e Madrid. Regressado a Buenos Aires, em 1921, Borges começou a participar ativamente na vida cultural argentina. Em 1923, publicou o seu primeiro livro – Fervor de
Buenos Aires – mas o reconhecimento internacional só chegou em 1961, com o Prémio Formentor, seguido por inúmeros outros.
A par da poesia, Borges escreveu ficção (é sem dúvida um dos nomes maiores do conto ou da
narrativa breve), crítica e ensaio, géneros que praticou com grande originalidade e lucidez. A sua
obra é como o labirinto de uma enorme biblioteca, uma construção fantástica e metafísica que
cruza todos os saberes e os grandes temas universais: o tempo, «eu e o outro», Deus, o infinito, o
sonho, as literaturas perdidas, a eternidade – e os autores que deixam a sua marca.
Foi professor de literatura e dirigiu a Biblioteca Nacional de Buenos Aires entre 1955 e 1973.
Morreu em Genebra, em junho de 1986.