Nunca como agora foi tão urgente compreender o mundo. A política internacional está cada vez mais complexa, a tecnologia avança a cada segundo e a ameaça à paz mundial é constante. Atenta aos bastidores da política internacional, a historiadora e jornalista Anne Applebaum escreve Autocracia, Inc. –Os ditadores que querem governar o mundo.
Nesta obra, a vencedora de um Prémio Pulitzer mostra-nos como os líderes autocráticos e os seus regimes se estão a consolidar e como se entreajudam, independentemente das suas ideologias, utilizando novas tecnologias, propaganda sofisticada e redes internacionais de apoio para minar as instituições democráticas.
«Hoje em dia, as autocracias não são geridas por um homem mau isolado, mas por redes sofisticadas assentes em estruturas financeiras cleptocráticas, serviços de segurança – militares, paralimitares e policiais – e por peritos em tecnologia de informação e desinformação», escreve a autora na primeira página deste seu tratado. Mas as autocracias da atualidade não estão sozinhas. «Os membros destas redes encontram-se interligados não apenas no interior de uma dada autocracia, mas também com redes existentes em outros países autocráticos e mesmo em algumas democracias», alerta.
Resultado de uma vasta pesquisa, a obra revela como as autocracias modernas operam como uma corporação global, com desejo de ampliar a sua influência e destruir as normas democráticas.
Mas Applebaum também oferece possíveis caminhos de resistência e renovação política. «Podíamos, por exemplo, exigir que todas as transações imobiliárias, em qualquer parte dos Estados Unidos e Europa, sejam completamente transparentes. Podiamos exigir que todas as empresas sejam registadas em nome dos seus verdadeiros proprietários, e que todos os fundos revelem os nomes dos seus beneficiários. Podiamos proibir os nossos próprios cidadãos de guardarem o dinheiro em jurisdições que promovem o sigilo», enumera. Será que estamos prontos para isso?
Sobre a Autora
Anne Applebaum é historiadora e jornalista. Escreve sobre a Europa de Leste e a Rússia desde 1989, quando cobriu o colapso do comunismo na Polónia para a revista The Economist. Foi colunista do The Washington Post e editora-adjunta da revista The Spectator. É redatora da revista The Atlantic e senior fellow no Agora Institute da Universidade Johns Hopkins.
É autora de vários livros publicados pela Bertrand Editora, incluindo Gulag: Uma História, que ganhou o Prémio Pulitzer de não-ficção em 2004; A Cortina de Ferro, sobre a sovietização da Europa Oriental após a Segunda Guerra Mundial, distinguido com o Prémio Cundill de Literatura Histórica de 2013; e Fome Vermelha, sobre a fome ucraniana de 1932-1933, que fornece o pano de fundo para o conflito russo-ucraniano. Em 2020, publicou O Crepúsculo da Democracia, que analisava o carácter apelativo da autocracia para intelectuais e políticos ocidentais.