Por que razão a monarquia russa, uma das mais antigas da Europa, se desmoronou? O que explica o fracasso do governo formado após a Revolução de Fevereiro de 1917 e a abdicação do czar? E como é que os comunistas chegaram ao poder em outubro desse ano e conseguiram impor o seu domínio após anos de guerra civil?
Estas questões não são novas – já foram abordadas por inúmeros autores e de diferentes ângulos –, mas existem aspetos da Revolução Russa que têm recebido pouca atenção, nomeadamente a forma como a população lidou com «a devastadora desarticulação na esfera russa e mundial que ocorreu desde o início da Grande Guerra até meados da década de 1920».
Para Robert Service, um dos principais especialistas mundiais no período, não é possível escrever uma história dos acontecimentos que levaram ao fim do Império Russo e ao início da União Soviética sem olhar para todos os sectores da sociedade russa. Foi procurando dar voz aos que têm sido negligenciados que o investigador escreveu Sangue na Neve – A Revolução Russa 1914-1924, um retrato panorâmico e abrangente de um dos períodos mais decisivos da história russa e ocidental.
O culminar de quatro décadas de investigação sobre o período da Revolução Russa, fruto de uma investigação exaustiva nos arquivos oficiais, onde o autor leu o maior número possível de registos existentes, e com recurso «a todos os tipos de fonte primária», incluindo os diários de algumas figuras secundárias, como o sargento Aleksei Shtukaturov ou o camponês Aleksandr Zamaraev, Sangue na Neve é um ensaio revisionista, que corrige a ideia generalizada de que os cidadãos comuns foram «vítimas apenas passivas da História», revelando «como as pessoas enfrentavam e superavam os problemas que as cercavam».
Neste livro, que começa nos meses que antecederam o início da Primeira Guerra Mundial e que termina com a vitória do Exército Vermelho e a chegada dos bolcheviques ao poder, Robert Service questiona como é que os comunistas conseguiram triunfar sobre «tantos inimigos formidáveis, tanto a nível político e militar» (sobretudo tendo em conta que os bolcheviques estiveram muito perto do desastre, mesmo depois da guerra civil), e inventaram «um novo tipo de Estado, aterrador na sua opressão e extravagante nas suas pretensões de benevolência».
Um livro essencial, escrito por um dos grandes historiadores do nosso tempo, Sangue na Neve – A Revolução Russa 1914-1924 chega às livrarias a 3 de outubro, com tradução de Paulo Tavares e Sara M. Felício e chancela da Temas e Debates.
Sobre o Autor
Robert Service, nascido em 1947 na Grã-Bretanha, é membro da British Academy e do Antony's College da Universidade de Oxford. É autor de diversos livros sobre o passado e o presente da Rússia, entre os quais as aclamadas biografias de Lenine, Estaline e Trotsky, esta última distinguida com o Duff Cooper Prize em 2009.