sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Uma dissecação psicológica pessoal



No centenário do nascimento de Yukio Mishima, a Livros do Brasil publica Confissões de Uma Máscara, título emblemático já disponível na coleção Miniatura e agora também na coleção Dois Mundos.

Romance autobiográfico, poderoso e comovente, Confissões de Uma Máscara foi o segundo livro publicado por Yukio Mishima, então com 24 anos, e consagrou-o de imediato como um dos mais importantes autores japoneses do pós-guerra. «A verdade destas Confissões é, em parte, a verdade de Mishima: uma desconcertante alternância entre o sublime [...] e o vulgar [...]. É essa verdade que deve ser respeitada, salvando-se nela a imagem do dificílimo parto que um ato de beleza como este teve de sofrer, para lograr vir a público, no Japão do pós-guerra», frisa António Mega Ferreira, responsável pela tradução para português e pela apresentação desta obra pioneira na franqueza do tema abordado: a homossexualidade.

Originalmente publicado em 1949, o livro narra a vida do narrador/autor desde o nascimento à juventude, numa análise introspetiva sobre identidade, pulsão sexual e procura da conformidade. «O que eu tentei com a escrita deste livro foi uma espécie de arte de renascer. Sou uma sofisticada e inútil contradição. Este romance é a prova fisiológica disso», terá escrito Mishima ao seu editor Kazukame Sakamoto.

Sobre o Autor

Yukio Mishima é novelista e dramaturgo, pseudónimo de Kimitake Hiraoka, nasceu em Tóquio em 1925 e suicidou-se de forma mediática, praticando o ritual japonês seppuku, a 25 de novembro de 1970, manifestando assim a sua discordância perante o abandono das tradições japonesas e a aceitação acrítica de modelos consumistas ocidentais. O idealismo que enforma a sua obra e conduzirá a sua vida está enraizado no tradicionalismo militar e espiritual dos samurais, e a sua conceção da arte liga-se a um elevado culto da alma e do corpo. Mishima é um dos mais conhecidos escritores japoneses, várias vezes apontado como candidato ao Prémio Nobel da Literatura e autor de obras inesquecíveis como Confissões de Uma Máscara (1948), O Templo Dourado (1956) ou O Marinheiro Que Perdeu as Graças do Mar (1963).