terça-feira, 7 de julho de 2020

Crónica Saúde - Joana Franco


Esta semana iremos abordar um tema muito comum nos dias de hoje, a Ansiedade.

Ansiedade é uma sensação comum, que a maioria de nós já sentiu. Surge em situações em que existe uma possível ameaça, seja esta real ou imaginária. Muitas vezes a ansiedade é útil porque funciona como um sistema de alerta do nosso corpo, deixando-nos mais preparados para lidar com qualquer imprevisto que possa acontecer. No entanto, nem sempre é assim. 

Quando encontramos situações que nos deixam desconfortáveis e parecem estar fora do nosso controlo podem surgir alguns sintomas como suores, palpitações, tensão nos músculos, entre outros. Também é comum quando estamos ansiosos, ou mesmo com medo, pensar que não vamos ser capazes de resolver o problema, que alguma coisa negativa vai acontecer.

Por vezes a ansiedade surge demasiadas vezes ou de forma muito intensa, perdendo o seu papel protector de alerta. Os sintomas podem ser tão intensos que se tornam assustadores e nos levam a pensar que vamos perder o controlo sobre nós próprios, o nosso corpo ou a nossa vida. Esta ansiedade exagerada causa sofrimento e pode significar que existe uma doença.

Podem surgir diferentes sintomas do corpo e da mente quando estamos ansiosos. Não quer dizer que, pelo facto de estes sintomas existirem, também exista doença. São sintomas que podem surgir normalmente no dia-a-dia em situações mais desconfortáveis.

Abaixo estão alguns exemplos de sintomas que podem surgir em situações de ansiedade:

Suores, boca seca, visão turva, tonturas, dores de cabeça;
Enjoos, náuseas, vómitos, diarreia ou obstipação, aerofagia (“arrotar”) ou flatulência;
Vontade de urinar frequente;
Tremor, tensão/dor muscular, inquietação ou sensação de corpo preso/bloqueado;
Palpitações no coração ou dor no peito, dificuldade em respirar;
Dificuldade em concentrar-se, alterações da memória;
Sensação de instabilidade, irritabilidade;
Medo de perder o controlo, ou mesmo de morte a qualquer momento.

Como podemos lidar com situações de ansiedade? Apresento-vos um exemplo:
“Há dias quando estava no supermercado senti um mal-estar no peito, parecia que não respirava, o coração batia muito e parecia que queria sair do corpo, suava, tinha o corpo frio, toda eu tremia, doía-me a barriga, parecia que ia desmaiar. Fiquei com medo de morrer ou de ficar louca.”

1. Apesar das suas sensações e sintomas serem assustadores, não são perigosos.
2. Tente compreender que aquilo que sente é apenas um exagero das reacções normais do seu corpo à ansiedade.
3. Não lute contra elas nem tente afastá-las; a sua intensidade irá diminuindo pouco a pouco.
4. Tente não pensar em coisas do tipo “o que pode acontecer?”…”e se eu desmaiar?”… “e se eu perder o controlo?”. Se der consigo a pensar ”e se…?”, diga para si próprio “e então?!”
5. Mantenha-se no presente; verifique o que realmente lhe está a acontecer e não o que pode vir a acontecer.
6. Vá classificando o seu medo numa escala de 0 a 10 enquanto tem a crise; irá reparar que o medo só se mantém num nível elevado durante alguns segundos.
7.Quando der consigo a pensar no medo concentre-se numa tarefa muito simples, como contar de 100 para trás ou tente visualizar uma imagem que lhe inspire calma e bem-estar.
8. Repare que quando deixa de acrescentar pensamentos assustadores ao seu medo, este vai gradualmente desaparecendo.
9. Quando o medo surgir, espere e aceite-o, dando-lhe tempo para que desapareça, sem fugir dele.
10. Orgulhe-se de si e dos seus progressos, pense como se sentirá bem depois desta vitória.
 Peça ajuda se perceber que não consegue ultrapassar a situação de ansiedade sozinho. Peça ajuda!

Para a semana abordaremos formas de tratamento para situações de Ansiedade.

Uma boa semana. Até lá, cuidem sempre da vossa saúde. Da vossa e da saúde dos que os rodeiam. 

Procure ajuda especializada quando necessário, sem preconceito.

Apresentação Joana Franco

Chamo-me Joana Franco, tenho 32 anos, e sou natural de Geraldes, aldeia pertencente ao Concelho de Peniche.
Enfermeira de Profissão, terminei o Curso de Licenciatura em Enfermagem na Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil, em Lisboa, no ano de 2010.
Nos anos mais recentes abracei desafios noutros países, nomeadamente Dubai onde fiz parte um projecto na área de Turismo, e em Inglaterra, onde trabalhei como Enfermeira em “Nursing Homes”, a cuidar de Pessoas com Demência.
Em Portugal, demonstrei o meu trabalho como Enfermeira no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, Hospital Júlio de Matos e, actualmente, trabalho na Clínica Psiquiátrica de Lisboa, em Telheiras.
Sou uma pessoa que aceita novas aventuras e, como tal, aceitei o convite de escrever para o Blog ‘Cultura e não Só’, em que apresento novos pontos de vista e dicas para tornar melhor a saúde do leitor.