Depois de As Coisas Que Perdemos no Fogo, publicado pela Quetzal em 2017, Mariana Enriquez regressa com A Nossa Parte da Noite, romance que a consagra como uma escritora fundamental das letras latino-americanas do século XXI. Distinguido com o Premio Herralde e o Premio de la Crítica nas edições de 2019 (o último atribuído já em 2020), este livro reúne a unanimidade das opiniões, que o consideram um «romance total».
A Nossa Parte da Noite, em tradução de Margarida Amado Acosta, deve o seu título a um poema de Emily Dickinson, e é um romance épico, gótico, mescla de géneros e tradições literárias. As suas personagens atravessam mundos e submundos. Os temas universais da família, do poder e da eternidade cruzam-se com os de sociedades secretas e seres secretos que procuram redefinir a vida e a morte; o terror sobrenatural entrecruza-se com terrores reais.
Em tempos de ditadura militar, um pai e um filho atravessam a Argentina de carro, desde Buenos Aires até às Cataratas do Iguaçu. Pelo caminho há operações de controlo e o clima geral é de grande tensão. O pai tenta proteger o filho, Gaspar, de um destino que parece estar traçado. A mãe morreu em circunstâncias pouco claras. Tal como o pai, Gaspar foi chamado a ser médium numa sociedade secreta, a Ordem — já com séculos de existência e que é dominada pela poderosa família da mãe de Gaspar. A Ordem contacta com a Escuridão, mediante rituais atrozes, em busca de vida eterna.
Da viagem inicial partimos para uma outra – com passadiços que escondem monstros inimagináveis; interiores de casas que comportam abismos; enigmáticas liturgias sexuais; andanças pela Londres psicadélica dos anos sessenta; a ditadura militar, os desaparecidos; e a incerta chegada da democracia.