Noiserv, multi-instrumentista a quem já chamaram “o homem-orquestra” ou “banda de um homem Só”, conta no seu currículo com o bem sucedido disco de estreia “One Hundred miles from thoughtlessness” [2008], o EP “A day in the day of the days” [2010], o galardoado “Almost visible o”, que foi distiguido como melhor disco de 2013 pela Sociedade Portuguesa de Autores, e, ainda em 2016, o longa-duração “00:00:00:00” que é descrito pelo músico lisboeta como “a banda sonora para um filme que ainda não existe, mas que talvez um dia venha a existir”.
Noiserv regressou em 2020 às edições discográficas com um trabalho escrito inteiramente em português. “Uma palavra começada por N” assume um tom mais confessional que os registos anteriores e aproxima-se ainda mais do ouvinte através da sonoridade que sempre o caracterizou aliada à sua língua materna.
“Eram 27 metros de salto mas parou, meio picotado neste andar, neutro, sem tempo, por arrasto, sempre rente ao chão.” Foi desta forma que nos chegou o novo disco de Noiserv a 25 de Setembro, tendo entrado directamente para o Top nacional de vendas.
“Uma Palavra Começada por N” é um álbum cantado totalmente em português, em quase todos os momentos mais intimista e marcado pela habitual melancolia harmoniosa de Noiserv. Sem perder os requintes de perfeccionismo de David Santos, o disco parece menos orquestrado e mais incisivo no poder da palavra. O acto de emergir, a que se assiste ao longo de 11 faixas, passa, muitas vezes, por nos desencarcerarmos de nós próprios e do que nos prende. E este disco é, no final de contas, um exercício de encontro e remissão.