Bela é um romance que vale absolutamente a pena ler. Maria Lúcia Lepecki
A biografia ficcionada escrita por Ana Cristina Silva, faz mais do que contar a história de Florbela Espanca. A autora abre-nos a porta para os sentimentos e pensamentos desta mulher não convencional que ousou viver plenamente, ainda que muitas vezes tenha sido infeliz.
Envolvente, arrebatador e original, este romance psicológico narra as paixões, desencontros, reveses e força criativa de uma poeta cuja vida terminou cedo demais, mas cuja obra perdura.
Florbela Espanca encontrou na poesia, desde tenra idade, a natural expressão das suas paixões, das suas mágoas, de um erotismo sublime e sempre, sempre da procura do Grande Amor. Recusou viver pela moral dos outros e teve a coragem de abrir o seu próprio caminho. A vida de Florbela é o retrato de um espírito criativo, insatisfeito, complexo, com laivos de luz e sombra no Portugal na viragem do século XX.
Bela acabou de se matar. De seguida encosta a cabeça à almofada da cama. Os seus cabelos movem-se como as asas de um corvo a levantar voo sobre a cinza eterna de uma fotografia. Não sente que se esteja a deitar. Tem a impressão de estar aconchegada pelas mãos acariciadoras de uma outra que, com o seu odor, lhe assenta sobre a alma com um manto de paz. Assim começa Bela.
A 8 de dezembro de 1930, Florbela Espanca tirou a própria vida. Era o dia do seu aniversário. Faria 36 anos.