Começou a contagem decrescente para a 15.ª edição do MOTELX - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa. De 7 a 13 de Setembro, todos os caminhos vão dar ao Cinema São Jorge para celebrar mais um momento em que o terror é sinónimo de comunhão.
Com a programação completa, o MOTELX sublinha o seu ADN e, de olhos postos no futuro, mostra o que de melhor se faz no cinema de terror e como se pode transfigurar ao cruzar-se com outras expressões artísticas.
Depois de conhecido o filme de arranque do festival, “The Green Knight” de David Lowery, no dia 7, na sessão de encerramento, vai poder assistir-se a “The Night House” de David Bruckner. A longa-metragem do realizador norte-americano conta a história de uma viúva que tenta ultrapassar o suicídio do marido, no lago junto à casa de sonho que construíram juntos. Enquanto procura dar significado à sua vida, é atormentada por visões perturbadoras e pela sensação que existe um mistério ainda maior por descobrir.
Na secção Serviço de Quarto, aos títulos já revelados como “Black Medusa” e “Violation”, juntam-se películas oriundas de países forasteiros ao género: “Sweetie, You Won’t Believe It” de Ernar Nurgaliev (Cazaquistão), “Three” de Pak Ruslan (Cazaquistão, Coreia do Sul e Uzbequistão) e o thriller de terror ecológico “Gaia” de Jaco Bouwer (África do Sul).
Esta secção ganha ainda mais relevo com a exibição de “The Night” do iraniano Kourosh Ahari. Integralmente falado na língua persa, é o primeiro filme de produção norte-americana estreado no Irão desde os anos 70. Outras produções em destaque são “Mad God”, a animação feita projecto de vida de Phil Tippett, um dos especialistas em efeitos visuais mais premiado dos Óscares (“Star Wars”, “Robocop”, entre outros), cuja estreia aconteceu no Festival Locarno, durante este ano; “Willy’s Wonderland” de Kevin Lewis, com a interpretação da maior estrela do cinema de género, Nicolas Cage; “Fukushima 50” de Setsurô Wakamatsu, sobre o desastre nuclear naquela central localizada na ilha japonesa de Honshu, em 2011; e o cinema experimental de “After Blue” do francês Bertrand Mandico.
Aos slashers do anunciado e expectante programa “Fúria Assassina - Mulheres Serial Killer”, que tem por missão desconstruir o estereótipo da representação masculina nos filmes de terror, junta-se agora “Office Killer” (1997) de Cindy Sherman. Esta é a única obra cinematográfica da artista norte-americana e relata a história de uma mulher que começa por assassinar os seus colegas de trabalho homens, guardando os cadáveres na cave de casa. Tem ainda a particularidade de criar uma ligação com as imagens produzidas por si e, à semelhança dos auto-retratos que a tornaram mundialmente famosa, a personagem principal, interpretada por Carol Kane, faz lembrar a própria Cindy Sherman.
Outro destaque incontornável vai para “In the Earth” do inglês Ben Wheatley, incluído na habitual Competição de Longas Europeias, que, nesta edição do MOTELX, apresenta 8 filmes de 7 países: Espanha, França (com duas películas), Reino Unido, País de Gales, Itália, Suécia e Portugal - com o já anunciado “Um Fio de Baba Escarlate” de Carlos Conceição.
A completar o lote de novidades da 15.ª edição do festival, o documentário sobre Folk Horror, “Woodlands Dark and Days Bewitched: A History of Folk Horror” da escritora para cinema e produtora canadiana Kier-La Janisse, na secção Doc Terror.
A não perder ainda, três debates que abordam algumas das temáticas presentes na edição de 2021 do MOTELX: o painel “Making Genre” - From Concept to Distribution, que junta os produtores Josh C. Waller, Camille Gatin, Elan Gale, Emily Gotto (Shudder/AMC) e Molly Quinn, para discutir o processo geral da criação de filmes de género, no dia 11, às 15h30; o painel Fúria Assassina, moderado pela jornalista Carolina Franco (Gerador), conta com a actriz e realizadora Ana Moreira, a crítica de cinema Inês N. Lourenço, o professor e investigador Jorge Martins Rosa, e o director artístico e programador do festival João Monteiro, também no dia 11, pelas 17h30; e uma conversa com a dupla produtor/realizador portuguesa Tino Navarro e Joaquim Leitão, autores da trilogia inacabada sobre a guerra do Ultramar que, no MOTELX, será representada pelas longas-metragens “Inferno” (1999) e “20,13 Purgatório” (2006), na secção Quarto Perdido, no dia 12, a partir da 17h.
Para garantir o aquecimento necessário para 7 dias de sustos na tela, o Warm-Up acontece de 2 a 4 de Setembro, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, com três propostas únicas que marcam a rentrée cultural da cidade. No dia 2, às 21h30, no Convento de São Pedro de Alcântara, “RAPSODO” é uma espectáculo dedicado à palavra, aos contadores de histórias, aos contos, textos e histórias ligados ao universo do terror e do fantástico, conduzido pelos actores consagrados Maria João Luís, José Anjos, Miguel Borges e Vítor Alves da Silva, envolvidos pelo universo sonoro de Noiserv. Por sua vez, no dia 3 (com extensão até 3 de Outubro), das 19h à meia-noite, na Travessa de São Paulo, 5 (Cais do Sodré), oportunidade única de assistir à primeira e surpreendente incursão do cineasta Edgar Pêra no mundo da pintura. Em “Vizões do Ego - Uma Encenação Pictórica de Edgar Pêra”, as suas telas inéditas serão dramatizadas pelo desenho de luz de Rui Monteiro e pela banda sonora de Artur Cyaneto. A fechar o Warm-Up, no dia 4, às 21h30, a clássica e habitual sessão de cinema ao ar livre, no Largo Trindade Coelho, com a comédia de terror “Bubba Ho-Tep” (2002) de Don Cascarelli. Bruce Campbell no papel de Elvis Presley e Ossie Davis de “John F. Kennedy” enfrentam uma múmia egípcia que se apodera das almas dos utentes de um lar de idosos.
Todas as actividades são de entrada livre - mediante inscrição prévia para o geral@motelx.org - e respeitam as recomendações da DGS.
Os bilhetes estarão à venda na Ticketline a partir da próxima semana.