Paul Verlaine referiu-se um dia à prosa diamantina de Rimbaud, sublinhando a dimensão pura, misteriosa e arquitectural dos poemas de Jean-Arthur.
Estes 64 poemas, num livro com três secções, dialogam com essa tradição do cristal da poesia moderna.
Dos sonetos iniciais, de frase labiríntica, aos poemas em prosa, flashes da recordação, e que se vão multiplicando, até ao poema que fecha este livro, «Vários Fins», António Carlos Cortez reafirma a sua noção de poesia – exercício tensional sobre as imagens da linguagem.
Livro onde comparecem várias vozes, Diamante é ambíguo, ou melhor, anfíbio: mergulhamos na memória de outros textos (Gastão Cruz, Philippe Jaccottet, Ruy Belo, Alfonso Costafreda, Ida Vitale, Eduardo Guerra Carneiro, Édouard Glissant, José Paulo Paes), nas músicas que dão a atmosfera exacta para estes poemas se lerem em voz alta (Fleetwood Mac, Depeche Mode, Nick Cave, Rádio Macau, Roxy Music, José Mário Branco), buscando unir o cristal com essa «chama altíssima» duma palavra construída, meditada.