Depois de um interregno forçado, o Doclisboa regressa ao Museu do Oriente em Agosto, com quatro filmes que têm na música o seu fio condutor. Todos os domingos - dias 7, 14, 21 e 28 -, às 18.00, em sessões de entrada gratuita, explora-se um território rico em expressões e referências musicais, num cruzamento entre tempos e vidas para mostrar os ritmos que nos movem.
Todas as culturas e sociedades têm usado a música, nas suas mais variadas formas, para estruturar relações sociais, expressar as mais profundas emoções, preservar as suas histórias ou lutar contra forças opressoras. Os quatro filmes seleccionados pelo Doclisboa para o Museu do Oriente levam-nos por uma viagem que tem início no noroeste da Índia, com Junun de Paul Thomas Anderson.
Junun foi inteiramente filmado no Rajastão, uma das maiores regiões da Índia, e conta a história do álbum homónimo do guitarrista e teclista dos Radiohead, Jonny Greenwood, o produtor da banda britânica, Nigel Godrich, o compositor israelita Shye Ben Tzur e os Rajasthan Express, uma orquestra indiana. O álbum mistura sonoridades de música tradicional de várias regiões do país, com letras escritas em hebreu e em vários dialetos indianos.
Seguimos rumo à Coreia do Sul, na sessão de dia 14 de Agosto, com Bamseom Pirates Seoul Inferno, de Jung Yoon-suk, sobre dois jovens músicos coreanos que lançam um desafio ao sistema e às autoridades, com a sua paixão inabalável por música. A banda Bamseom Pirates é criada com a intenção de dar à sociedade sul-coreana a música que ela merece, resultando numa mistura entre grindcore punk, black metal, free jazz, Rammstein de baixo orçamento e arte performática.
A Turquia é o próximo destino, no domingo 21 de Agosto, e Anatolian Trip de Deniz Tortum e Can Eskinazi. Inspirados pelo Anatolian Rock dos anos 1970, um grupo de amigos forma uma banda e parte numa carrinha, começando uma longa viagem por um país dividido entre o progresso e a tradição.
Em 12 and 24, no dia 28, o realizador Kim Namsuk constrói um retrato do seu amigo Xin Seha, músico independente na Coreia do Sul, que entre a ascensão da sua carreira e a doença da mãe, encara a dor e a perda através da sua voz.
As sessões são de entrada gratuita, mediante levantamento de bilhete no próprio dia.
Sessão 7 Agosto
Junun
Paul Thomas Anderson | 2015 | USA | 54’
[estreado no Doclisboa 2016]
Primavera de 2015. O marajá de Jodhpur, na Índia, recebe Shye Ben Tzur, Jonny Greenwood (Radiohead), Nigel Godrich, Paul Thomas Anderson e uma dúzia de músicos indianos. Nas três semanas seguintes, dá-se azo a uma colaboração festiva que se torna na música e no filme Junun (loucura do amor), ponto de encontro transcultural e transreligioso entre o Islão místico dos sufi, qawwali e músicos ciganos do Rajastão, entrelaçados com poesias devotas em urdu, hebreu e hindi. Composta por Shye Ben Tzur, um músico e poeta israelita que viveu durante 15 anos na Índia, a música foi criada e moldada pelas influências de Jonny Greenwood e Nigel Godrich, e captada em filme por Paul Thomas Anderson. Os resultados mostram a camaradagem de colaboração artística e uma experiência sonora, visual e sensorial que irá intrigar e cativar a imaginação.
Sessão 14 Agosto
Bamseom Pirates Seoul Inferno
Jung Yoon-suk | 2017 | Coreia do Sul | 119’
[estreado no Doclisboa 2017]
“Salve Kim Jong-il!”, berra uma banda de punk-metal sul-coreana, os Bamseom Pirates, sem a mínima hesitação. O filme é sobre dois jovens músicos coreanos que lançam um desafio ao sistema e às autoridades e a sua paixão inabalável por música.
Sessão 21 Agosto
Anatolian Trip
Deniz Tortum, Can Eskinazi | Turquia | 2018 | 114’
[estreia portuguesa]
Verão de 2014. A Turquia está à beira de uma eleição presidencial. Uma banda amadora de jazz psicadélico de Istambul carrega o seu equipamento numa carrinha VW de 1980 e lança-se à estrada. Impulsionados pelo espírito de mudança social e uma apreciação nostálgica pelo Anatolian Rock dos anos 1970, os membros da banda param em cidades pela Turquia fora para dar concertos gratuitos e improvisados. As suas boas intenções contrastam com a sua música difícil, envolvendo-se assim numa experiência social com as diferentes comunidades do país. Entre excertos de notícias de rádio, programas políticos televisivos, vídeos do Youtube, conversas pela noite dentro, comícios eleitorais e dormidas em motéis baratos, eles encontram mulheres idosas curiosas, seguranças perplexos, motoristas de táxi sérios e adolescentes deprimidos. Enquanto conduzem a sua carrinha pelas planícies e pelas montanhas, eles movem-se em direcção a um destino cada vez mais incerto.
Sessão 28 Agosto
12 Hago 24
Kim Namsuk / Coreia do Sul, EUA / 102’
[estreado no Doclisboa 2018]
Reservado e misterioso, Xin Seha é um músico independente em ascensão na Coreia do Sul. Enquanto a sua banda ganha progressivamente atenção do público, Xin vive uma situação dramática: a mãe está doente. De forma corajosa, encara a dor e expressa o que sente com a voz. 12 Hago 24 retrata Xin Seha e os que o rodeiam, mostrando como crescem juntos enquanto artistas e seres humanos.