A Saúde que não temos
No último relatório da Comissão Europeia sobre o Estado de Saúde na União Europeia (Joint Report on Health Care and Long-Term Care Systems & Fiscal Sustainability), Portugal apresenta despesas em saúde claramente abaixo das registadas em vários países da UE, gastando em cuidados de saúde no ano 2015 valores per capita (por pessoa) cerca de 30% abaixo da média Europeia. Este relatório refere ainda que, desde 2011, a despesa com a saúde diminuiu mais do que a de outros setores da Administração Pública e que os maiores obstáculos no acesso aos cuidados de saúde são os tempos de espera e a distribuição geográfica.
Os resultados deste relatório estão na prática à vista de todos, com o mais recente fecho da urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta, em Almada, mas o estado da Saúde em Portugal tem agonizado desde o célebre tempo da Troika, prolongando-se até aos dias de hoje. Infelizmente nos últimos anos já estive nas urgências do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, e de outros grandes hospitais, tendo visto urgências lotadas, idosos a serem ultrapassados, porque para eles o tempo já não conta, e vários doentes à espera em macas nos corredores para realizarem exames complementares de diagnóstico noutras unidades de saúde porque os equipamentos já não funcionam.
Se os dois grupos mais vulneráveis em termos de Saúde, crianças e idosos, já não tem resposta atempada no Serviço Nacional de Saúde, de que estamos à espera para darmos o grito do Ipiranga e exigirmos que o Orçamento de Estado para 2020 defina claramente verbas para a Saúde de todos os portugueses, com mais investimento público na saúde, que permita serviços dignos para doentes e profissionais.
Se é certo que os serviços privados de saúde têm dado algumas respostas, certo é também que Portugal continua a ser um dos países mais pobres da UE, apresentando em 2018 cerca de 21,6% da população em situação de pobreza ou de exclusão social, sendo, portanto, inacessíveis para uma grande parte da população.
O Orçamento de Estado é finito, mas é um orçamento de prioridades e de escolhas e certamente a escolha do povo português é pela Saúde.
Apresentação Argentina Marques
O meu nome é Argentina Marques, tenho 44 anos e sou Economista.
Atualmente sou Diretora Financeira da Nova SBE e nestes últimos anos especializei a minha atividade profissional na Gestão Orçamental, em entidades como o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social e a Direção Geral do Orçamento.
A paixão pela intervenção pública levou-me a abraçar desde jovem a participação em Órgãos Autárquicos e Associativos, bem como o comentário político na rádio Sesimbra FM e em diversos jornais como o Sesimbrense, Jornal de Sesimbra, Nova Morada e Sesimbra à Quinta.
Nas últimas eleições autárquicas liderei a candidatura de um Movimento Independente de Cidadãos, experiência que considero muito enriquecedora no seio da democracia portuguesa.