No início do século XX, a população mais rica per capita não
era a parisiense, nem a nova-iorquina: era a dos índios Osage, nos EUA.
Desterrados da sua terra de origem para o inóspito Oklahoma, ninguém
esperava que, por debaixo daquele solo árido, se viesse a encontrar uma imensa
jazida de petróleo. Os cerca de 2000 índios Osage tornaram-se uma atração
instantânea para os jornais e revistas da época: recebendo uma percentagem
dos lucros das companhias petrolíferas, exibiam a sua fortuna de forma
exuberante, comprando carros luxuosos, enviando os seus filhos para
universidades europeias, construindo mansões caríssimas – embora essa
fortuna tivesse de ser gerida por um tutor branco.
Misteriosamente, os Osage começaram a ser assassinados – assim como alguns
dos que se atreviam a investigar os homicídios. Envenenados, mortos a tiro ou
espancados, o número exato de vítimas nunca foi apurado. Ao mesmo tempo
que isto acontecia, o Federal Bureau of Investigation (FBI) estava a começar e a
matança de uma das famílias Osage tornou-se o primeiro grande caso da
agência policial norte-americana. No entanto, o dinheiro do petróleo estava
infiltrado até ao mais alto nível, chegando à Casa Branca, e as investigações
foram boicotadas, ignoradas ou mesmo suspensas.
Passados quase cem anos, David Grann, escritor e jornalista da revista New
Yorker, passou quase metade de uma década a investigar esta história sinistra e
dramática, que envolveu todas as áreas da sociedade: médicos que tratavam os índios e que realizavam as autópsias,
advogados que forjavam e falsificavam testamentos, xerifes da região e políticos.
Um dos livros mais esperados do ano, Assassinos da Lua das Flores é uma narrativa de true crime, que denuncia a forma como
os índios Osage foram maltratados, assassinados e condenados ao esquecimento. À boa maneira de uma história de detetives,
Grann desenterra provas, entrevista sobreviventes, reconstitui os crimes, atravessando as décadas nevoentas que nos separam
destes assassinatos e chegando à verdade que é possível apurar.
Depois de um feroz leilão pelos direitos de adaptação ao cinema, os mesmos foram adquiridos por cinco milhões de dólares —
o preço mais alto na história recente do cinema. Na corrida estavam as produtoras de Brad Pitt, Leonardo DiCaprio e George
Clooney.
Um livro de não-ficção que se lê como um thriller, com a agravante de tudo ser real.
Sobre o autor
David Grann é escritor e jornalista, e pertence aos quadros permanentes da revista New Yorker.
Foi colaborador do New York Times, do Washington Post, do Wall Street Journal, da revista Atlantic e
New Republic.