O Fado é a identidade portuguesa, o coração e a alma, e por isso mesmo só poderia ser um estilo diverso, com muitos estilos dentro. O itinerário para a edição de 2017 do Caixa Alfama revela essa diversidade, com vozes e ambientes para todos os gostos. Desde a solenidade e a paz das igrejas de São Miguel e de Santo Estevão até ao espírito mais bairrista do Grupo Sportivo Adicence onde residirá o Palco Santa Maria Maior. Nos dias 15 e 16 de Setembro o Fado vai estar em todo o lado – incluindo à Janela!
Este ano, a programação do palco do Grupo Sportivo Adicense está nas mãos de quem melhor conhece os fadistas do bairro de Alfama (mas não só!), a própria Junta de Freguesia de Santa Maria Maior. Esperam-se duas noites em que o lado mais bairrista do Fado emerge num espaço cheio de passado, presente e futuro. Dia 15, a jovem Ana Marta, uma filha de Alfama, partilha o palco com Jaime Dias, uma voz bem conhecida de todos aqueles que vivem o Fado por dentro. E na mesma noite, também sobem ao palco os fadistas Pedro Galveias e Vera Monteiro. O primeiro traz na bagagem um disco novo editado este ano e a segunda promete mostrar porque é uma das vozes mais promissoras da atualidade. Já no dia 16, a responsabilidade fica a cargo de Vítor Miranda e Henriqueta Baptista, artistas que conseguem juntar uma garra invulgar à experiência acumulada. E para completar este palco, há ainda a oportunidade de ouvir dois jovens que pelo percurso que têm trilhado já são certezas do Fado: Diogo Rocha e Sandra Correia. Todos os fadistas vão ser acompanhados por dois dos músicos mais promissores da nova geração: Ivan Cardoso e Sandro Costa.
Como aconteceu nas anteriores edições do festival, também há Fado na Igreja de Santo Estevão, um dos espaços mais míticos do imaginário fadista. A responsabilidade é grande e os fadistas escolhidos estão à altura desse desafio. Na primeira noite, as estrelas são António Pinto Basto e Teresa Tapadas, um alentejano e uma ribatejana, dois fadistas ligados à tradição e que dispensam apresentações. Na segunda noite da Igreja de Santo Estevão, Gonçalo Salgueiro, umas das grandes vozes da música portuguesa, apresenta-se em Alfama com um poderoso trunfo: o novo disco “Sombras e Fado”, editado este ano. E no mesmo dia ainda há a oportunidade de ouvir Maria Ana Bobone, uma das vozes mais delicadas do Fado e com uma especial vocação para interpretar temas de cariz religioso: está, portanto, no sítio certo.
Dia 15, na Igreja de São Miguel, há um espetáculo imperdível: “Os Fados da Minha Mãe”. Temas cuja figura central é a mãe, como “O xaile de minha mãe”, “Duas mães” ou “Minha mãe é pobrezinha”, vão ser interpretados pelos jovens fadistas Rosita, Pedro Ferreira, Nádia Bastos e Kiko. E quando há Fado numa igreja, há também a expectativa de ouvir repertório religioso, Fados cujo centro seja a fé do poeta. Por isso, na segunda noite, a programação completa-se com dois fadistas que se sentem particularmente à vontade nesse território: Luís Caeiro, um jovem alentejano que nos faz acreditar que foi Deus quem lhe deu aquela voz, e Rui Vaz, um jovem fadista que acabou de lançar o disco: “Fado em Prelúdio”.
O Fado à Janela regressa ao Largo de São Miguel, para encher ruas e ruelas de Alfama. Jorge Silva, Miguel Monteiro e José Manuel Rodrigues terão nas suas mãos uma Guitarra Portuguesa, uma Viola e um Baixo, respetivamente.