O primeiro Museu do Holocausto na Península Ibérica funcionará no dias úteis entre as 14h30 e as 17h30. O Museu terá acesso livre até junho e obedecerá a rigorosas medidas de segurança.
Ao longo da tarde do dia da abertura, hoje, 5 de abril, o Museu do Holocausto acolherá um concerto da Orquestra Clássica do Centro com peças relacionadas com a temática do Holocausto, no seguimento do convite realizado pela Comissária do Programa “Nunca Esquecer,” Programa Nacional em torno da memória do Holocausto, Marta Santos Pais.
Tutelado por membros da Comunidade Judaica do Porto cujos pais, avós e familiares foram vítimas do Holocausto, o Museu do Holocausto do Porto entrará em funcionamento no dia de hoje, com acesso gratuito até junho e está aberto de segunda a sexta entre as 14h30 e as 17h30.
"São esperados milhares de turistas no verão e cerca de 10 mil alunos de escolas ao longo do ano", revela Josef Lassmann, membro da comunidade judaica do Porto, que estará presente diariamente no museu: "Sou filho de sobreviventes de Auchwitz, onde a minha querida mãe, ainda hoje viva, com 96 anos, e a minha avó foram submetidas a experimentos de Josef Mengele".
Em cooperação com o Programa “Nunca Esquecer,” Programa Nacional em torno da memória do Holocausto e para honrar a Aliança Internacional para a Memória do Holocausto da qual Portugal é membro, o Museu do Holocausto do Porto exibe os documentos e os objectos deixados pelos refugiados na sinagoga do Porto, durante a Segunda Guerra Mundial, e retrata a vida judaica antes do Holocausto, o Nazismo, a expansão nazi na Europa, os Guetos, os refugiados, os campos de Concentração, de Trabalho e de Extermínio, a Solução Final, as Marchas da Morte, a Libertação, a População Judaica no Pós-Guerra, a Fundação do Estado de Israel, Vencer ou morrer de fome, Os Justos entre as Nações.
No novo Museu do Holocausto (apresentado em vídeo: (https://youtu.be/eg2mio5GbAA), os visitantes terão oportunidade de visitar a reprodução dos dormitórios de Auschwitz, assim como uma sala de nomes, um memorial da chama, cinema, sala de conferências, centro de estudos, corredores com a narrativa completa e, à imagem do Museu de Washington, fotografias e ecrãs exibindo filmes reais sobre o antes, o durante e o depois da tragédia.
O Conselho da Europa exortou os países-membros a combater o antissemitismo, e o novo Museu do Holocausto vai integrar-se numa estratégia da Comunidade Judaica do Porto que já conta com o Museu Judaico do Porto (também apresentado em vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Rf0MG0NUEfo) e com cursos para professores com vista ao combate ao antissemitismo.
O próximo curso para professores está agendado para 20 de setembro e conta com a presença de sobreviventes do Holocausto e de representantes de outros museus do Holocausto ao redor do Mundo.
Jonathan Greenblatt, o Diretor Nacional da Anti Defamation League vê com bons olhos a luta contra o antissemitismo encetada pela Comunidade Judaica do Porto através dos Museus Judaico e do Holocausto: "O museu do Holocausto transmitirá a lição não fique em silêncio diante do mal e o museu judaico ensinará a história judaica e reduzirá os habituais estereótipos malignos contra os judeus."
Testemunhos:
Eta Rabinowicz Pressman, associada da comunidade do Porto, conta: "Os irmãos e irmã da minha mãe foram mortos, eles e os filhos. Num dos casos, o porteiro do prédio queria salvar os filhos, mas eles recusaram, quiseram ir com os pais e morreram também. O único irmão que sobreviveu era prisioneiro dos soviéticos num gulag na Sibéria."
Deborah Walfrid Elijah, da Direção da CIP/CJP, conta: “O Holocausto deve ser contado pelas vítimas. A minha mãe chegou órfã à Argentina e o meu pai foi obrigado a tocar violino no campo de propaganda de Theresienstadt. Nasci sem avós. Todos foram executados na Polónia, depois de raspagem do cabelo, tatuagens de números nos braços e trabalho escravo”.
Luísa Finkelstein, membro do conselho geral da CIP/CJP, narra que “A história da minha família terminou, para uns, nos campos de extermínio, e outros foram vítimas de pelotões de fuzilamento depois de terem sido obrigados a abrir uma vala comum”.
Charles Kaufman, Presidente da organização de direitos humanos B'nai B'rith International, diz que "o Museu do Holocausto do Porto é um testemunho da herança e resiliência judaicas. Que ele sirva de farol para Portugal e para o resto da Europa”.