Estreou no passado dia 16 de Agosto na RTP, Pôr do Sol, é uma mini-novela e tem estado desde então presente em muitos momentos nas redes sociais dos portugueses porque esta sátira aos clichés das telenovelas "normais" tem vindo a subir nas audiências. Inicialmente programada para ter apenas 16 episódios, já se espera uma 2ª temporada.
O "Cultura e Não Só" (CNS) esteve à conversa com Henrique Cardoso Dias, um dos autores, juntamente com Manuel Pureza e Rui Melo. Henrique Cardoso Dias é o responsável pelos os diálogos que transbordam os clichés a que nos habituámos.
CNS - Como nasceu a ideia da novela "Pôr do Sol"?
Nasceu de uma ideia que eu tinha há muitos anos e que falava constantemente com o Nicolau Breyner. O Manuel Pureza andava à procura de ideias, perguntou ao Rui Melo e ele disse-lhe que eu tinha esta ideia e começámos a desenvolvê-la em conjunto. Criámos a novela, os personagens principais, e as tramas mais importantes. Depois disso, convidei o Roberto Pereira para juntos criarmos a estrutura e escrevermos os dois primeiros episódios
CNS - Foi fácil apresentar a ideia à RTP e ter a "luz verde" para avançar com a produção?
Sim, fizemos um piloto e a RTP percebeu imediatamente a ideia e o potencial. Acreditou no projecto e apesar de acompanhar todo o processo, deu-nos liberdade.
CNS - Como foi o processo de escolha dos actores? Todos os convidados aceitaram os papéis ou houve algumas recusas?
Foi uma decisão dos três. O Manuel Pureza fez questão de partilhar essa escolha comigo e com o Rui Melo. Pelo que me lembro, não houve recusas.
CNS - Como tem sido o ambiente nas gravações ?
Foi fantástico. A Coyote Vadio consegue sempre criar sempre um bom ambiente para trabalhar.
CNS - Estamos na recta final dos 16 episódios, podemos esperar uma 2ª temporada?
Por nós, sim. Basta a RTP querer.
CNS - O Henrique tem um background de escrita de humor, acha que a pandemia afectou o sentido de humor dos portugueses ?
Se afectou foi no sentido de estimular o consumo de conteúdos de humor. Mas, sinceramente, não tenho a certeza
CNS - Fez uma participação especial no filme "O Lampião da Estrela" protagonizado por Herman José, não pensou em interpretar um dos seus personagens em o "Pôr do Sol"?
Nunca. O que se pedia aos actores neste projecto era muito difícil. Eu sou argumentista. As pequenas coisas que fiz foi sempre para me divertir, nunca numa lógica profissional
CNS - Quanto tempo demorou a escrever os 16 episódios da novela?
Cerca de uma semana por episódio.
CNS - Como foi o processo de criação do guião, criou primeiro a história base e depois escreveu os diálogos ou foi tudo "fluindo" ao mesmo tempo?
Primeiro a estrutura e os arcos narrativos com o Roberto Pereira. Só depois, bem mais tarde, parti para os diálogos.
CNS - Depois deste sucesso quais são os próximos projectos? Televisão, cinema, teatro?
Neste momento tenho um filme e uma série que vão começar a ser filmados em Setembro/Outubro.
CNS - O Toy aceitou prontamente fazer o tema do genérico da novela? E como apareceram os outros cantores (Cuca Roseta, Carolina Deslandes, Diogo Piçarra)?
O Toy aceitou na hora. O Toy tem um grande sentido de humor e percebeu logo o conceito. Os outros convites foram surgindo à medida que a série foi crescendo.
CNS - Para terminar, esperava ter o sucesso que teve? Acha que as redes sociais ajudaram a novela a chegar a mais pessoas?
Sempre achei que ia correr bem, mas acho que ninguém estava à espera desta reacção. E as redes sociais ajudaram, claro. Tem sido uma bola de neve.