O Mel sem Abelhas, o mais recente romance de Judite Canha Fernandes, vencedora do Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís 2018 com Um Passo Para Sul, é uma ficção histórica centrada na cultura da cana do açúcar na ilha da Madeira. O seu título nasceu da expressão «Juncos que produzem mel sem abelhas», utilizada para designar a cana-de-açúcar, quando a encontraram pela primeira vez na Índia, cerca do século V a. C. A novela descreve a história de Marta, que chega à cidade do Funchal vinda de Angola no decorrer do século XVI, para trabalhar como escrava na cultura da cana. Com o olhar do medo, acompanhado pelo fascínio do novo que se lhe apresenta na ilha, vê-se na necessidade de encontrar na cidade do Funchal alguma forma de abrigo e, simultaneamente, inventar um modo de voltar a casa.
Fruto de uma exaustiva investigação histórica e da afirmação de um talento literário singular já anunciado no seu primeiro romance, Judite Canha Fernandes traça a história da escravatura portuguesa e da sociedade colonial madeirense do século XVI açucareiro através da voz de uma mulher escravizada, num romance profundamente original que é também um fresco de uma época e de uma condição social.
Sobre a Autora
Judite Canha Fernandes, Funchal, 1971, é escritora e dramaturga. Publicou poesia, romance, novela, conto, e literatura infantojuvenil. É doutorada em Ciência da Informação, licenciada em Ciências do Meio Aquático e pós-graduada em Biblioteca e Arquivo. Entre 2011 e 2016, foi representante da Europa no Comité Internacional da Marcha Mundial das Mulheres. Entre outros prémios e menções especiais do júri, foi prémio Agustina Bessa-Luís, duas vezes semifinalista do Prémio Oceanos, menção honrosa no Prémio Literário Ferreira de Castro e no Prémio Literário Dias de Melo. Mel sem Abelhas foi o vencedor do Prémio Literário Edmundo Bettencourt, em 2024. É uma das mulheres retratadas em Mulheres do meu País – Século XXI. Publicada em diversas antologias, foi traduzida para espanhol, inglês, italiano, francês e alemão. A sua obra, que já foi adaptada para cinema, rádio e composição musical, é objecto de investigação em várias universidades.