quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Doclisboa no Museu do Oriente


Para o Museu do Oriente, o Doclisboa preparou um programa de filmes que refletem sobre a deslocação e o exílio como condições permanentes de uma parte da humanidade, segundo cada momento histórico. As causas são variadas, mas esses movimentos transformam os espaços, marcam os territórios, deixam rastos que transformam os mapas - são outras histórias, alternativas, dos humanos.
Os filmes apresentados perfazem 4 sessões, uma delas com uma estreia em Portugal.

Neste programa concentramo-nos na deslocação em fuga que antecede a constituição da figura do refugiado.
Partimos de histórias de vida concretas, retratos relacionados com a primeira metade do século que ressoam no presente, de forma surpreendente e muitas vezes irónica: irmãs polacas refugiadas na Tanzânia durante a II Grande Guerra (Memory is Our Homeland, de Jonathan Kolodziej Durand), ou a história familiar do Suíço Markus Imhoof (Eldorado) acolhendo uma refugiada Italiana e o modo como a empatia e a solidariedade necessários ao acto de acolher são precisamente as características humanas desafiadas pela política Europeia hoje (revelando inclusive o modo como redes de trabalho escravo são montadas na sombra das políticas de fronteira).

Na segunda metade do programa concentramo-nos no movimento em relação com os territórios: em Ta’ang, Wang Bing acompanha com a sua câmara a dura fuga, pelas montanhas da fronteira da China com a Birmânia, de famílias que escapam à guerra civil; em Babylon, de Youssef Chebbi, Ismaël e Ala Eddine Slim, habitamos um campo de refugiados na Tunísia, desde a criação até à sua desmontagem, sem qualquer legenda ou tradução: os corpos, as relações, as tentativas de criar sentido num território que, depois de tudo desaparecer, voltará ao estado inicial sem poder nunca voltar a ser o mesmo. As vidas podem mais que as fronteiras.

Pelo terceiro ano consecutivo, o Doclisboa regressa ao Museu do Oriente, todos os domingos à tarde, durante o mês de Fevereiro.