A região demarcada do Douro
A história da cultura do vinho no Alto Douro é muito antiga. Não faltam descobertas arqueológicas e referências documentais a testemunhar a persistência cultural do empenho vitivinícola de outras eras. Desde a pré-história como atesta a descoberta de vestígios de grainhas de "vitis vinifera" na estação arqueológica do Buraco da Pala perto de Mirandela e datadas do século XX a.C. Recuando pelo menos aos séculos III-IV os vestígios de lagares e vasilhame vinário, um pouco por toda a região duriense. Em finais da idade Média intensificam-se as trocas comerciais, acelera-se o povoamento e desenvolve-se a agricultura nesta zona. Nascem e crescem vilas e as cidades principalmente as muralhadas como Freixo de Espada à Cinta, Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Côa, Vila Flor, Ansiães, Freixo de Numão, Lamego, etc. Durante o período medieval, o vinho era produzido principalmente para uso em mosteiros e na celebração eucarística, e as áreas horizontais dos terrenos eram reservadas para o cultivo de cereais, especialmente milho. As videiras eram plantadas nas aberturas das paredes dos socalcos (pilheros). A instalação de diversas ordens religiosas, predominantemente os monges de Cister, dão grande contributo à produção, melhoria da qualidade do vinho e comércio que se faz exclusivamente pelo rio Douro até à foz em Gaia e no Porto. São exemplos desta atividade vitivinícola os mosteiros de Salzedas, S. João de Tarouca e S. Pedro das Águias. Já em 1552, o cronista Rui Fernandes escrevia que os vinhos de Lamego eram: "os mais excelentes vinhos e de mais dura que no reino se podem achar, e mais cheirantes, porque há vinhos de 4, 5, 6 anos e de quantos mais anos é, tanto mais excelente, e mais cheiroso".
No século XVI, João de Barros refere na sua geografia entre Douro, Minho e Trás-os-Montes os vinhos de qualidade produzidos nas terras próximas do Douro e do Pinhão. As vinhas não se expandiram até meados do século XVIII, altura a partir da qual os ingleses começaram a procurá-las para produção de vinho.
Porém, a designação de vinho do Porto surge apenas na segunda metade do séc. XVII, numa época de expansão da viticultura duriense e de crescimento rápido da exportação de vinhos. Em 1675 surge, pela primeira vez, a expressão "vinho do porto" no discurso sobre a introdução das artes no reino, da autoria de Duarte Ribeiro de Macedo. Em 1678, um inglês refere a junção de aguardente aos vinhos de embarque. Esta serviria para garantir a não deterioração nas grandes viagens marítimas e terrestres a que era submetido.
No último terço do séc. XVII, em tempo de rivalidades entre os impérios marítimos do Norte, flamengos e ingleses aumentam a procura dos vinhos ibéricos, em detrimento dos de Bordéus e de outras regiões francesas. A Inglaterra importa crescentes quantidades de Porto. Em 1703, o Tratado de Methwen virá consagrar no plano diplomático este fluxo mercantil, prevendo a contrapartida de privilégios para os tecidos britânicos no mercado português. A produção duriense, estimulada pela procura inglesa crescente e preços altíssimos, tenta adaptar-se às novas exigências do mercado. Como exemplo, o famoso general inglês William Twiss (1745 - 1827), afirmou ter bebido o melhor vinho tinto em Celorico da Beira, parecido com o da Borgonha e ainda de superior qualidade. Mas, como acontece a todos os grandes vinhos, o negócio rivaliza interesses, suscita fraudes e abusos. Em meados do século XVIII, nomeadamente a partir da década de 30 até à década de 50, as exportações estagnam, ao passo que a produção vinhateira parece ter continuado a crescer. Os preços baixam em flecha e os ingleses decidem não comprar vinhos, acusando os lavradores de promover adulterações, associado a essa situação surge a polémica das tabernas do Porto que adulteravam o vinho prejudicando a saúde pública com essas misturas. Esta crise comercial conduzirá, por pressão dos interesses dos grandes vinhateiros durienses como o Dr. Beleza de Andrade, D. Bartolomeu Pancorbo e Frei João de Mansilha, junto do governo de Sebastião de Carvalho e Melo futuro marquês de Pombal (1699 - 1782). É então criada uma instituição, a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, cujos capítulos foram aprovados por alvará régio em 10 de Setembro de 1756, com a assinatura de Sebastião de Carvalho e Melo. Com ela busca-se assegurar a qualidade do produto, evitando adulterações, equilibrar a produção, o comércio e estabilizar os preços. Na manhã de 23 de Fevereiro do ano de 1757, levanta-se no Porto um motim contra a Companhia. Resultado: muitos mortos, um reforço da autoridade real e o retrocesso das velhas liberdades das gentes do burgo nortenho. Esta criação que beneficia claramente os interesses reais, no seguimento da filosofia económica que atinge toda a velha Europa, criando monopólios. A doutrina económica presente é a do mercantilismo, caracterizada pelo protecionismo, pelos incentivos fiscais e instauração de monopólios. O objetivo último é o da acumulação de bens. - O poder do rei é medido pela quantidade de riqueza que consegue armazenar.
Entre 1757 a 1761 decorrem as demarcações pombalinas no que é a primeira demarcação da região vinhateira do Douro e que decorrerá com diversos incidentes. Procede-se à primeira «demarcação das serras». A região produtora é bordada por 335 marcos de pedra com a designação de Feitoria, designação que referendava o vinho da melhor qualidade, único que podia exportar-se para Inglaterra, vulgarmente conhecido por vinho fino. Define-se o conceito de cadastro.
Nos anos de 1788 e 1793 decorrem as demarcações da rainha D. Maria I (1734 - 1816), que era contra a política monopolista de Pombal e não podendo extinguir a Companhia Real dos Vinhos e Agricultura do Alto Douro por ele criada, e é alargada a área demarcada. Em 1792 são concluídos os trabalhos da demolição do rochedo do designado Cachão da Valeira, ficando o rio Douro navegável até Espanha. Apesar destas obras, o local, oferece variados perigos que culminam na morte de Joseph James Forester (1809 - 1861), barão de Forrester, num naufrágio. Segundo a lenda, D. Antónia Adelaide Ferreira (1811 - 1896), conhecida popularmente por "Ferreirinha", a maior proprietária e empresária vinhateira do Douro, dedicada ao cultivo de vinho na região e a introdução de notáveis inovações, cujas quintas produziam mais de 1500 pipas de vinho, segundo conta a lenda salvar-se-ia de um desastre no Cachão da Valeira, pois as suas saias serviram de boias aquando de um seu naufrágio. Dona Antónia tinha uma grande capacidade de previsão e perceção dos desenvolvimentos futuros, era uma hábil mulher de negócios e comprou muitas vinhas, algumas situadas mesmo em áreas completamente inacessíveis (Quinta do Vale Meão, no Douro Superior). De salientar que o barão de Forrester foi um empresário inglês radicado em Portugal e que iniciou uma reforma no comércio de vinhos, declarando guerra aos que adulteravam o vinho da região do Douro. Também se dedicou ao estudo das doenças da vinha como o oídio, desenhou notáveis mapas do vale do Douro entre outras ilustrações que pintou de toda esta região demarcada e obras que publicou sobre o mesmo tema, o Douro. Foi por este trabalho que o rei consorte D. Fernando II (1816 - 1885), lhe concedeu o título de Barão em 1855. Na segunda metade do século XIX, um conjunto de fatores conjuga-se para marcar o ponto de viragem do Douro pombalino para o Douro contemporâneo, promovendo profundas mudanças na viticultura duriense. Depois das destruições provocadas nos anos cinquenta pelo oídio, é a filoxera que, a partir da década seguinte, reduz a "mortórios" grande parte do vinhedo da área demarcada. Em 1865, a instauração do regime de liberdade comercial constitui, de facto, ao nível regional, a abertura da linha de demarcação, permitindo a expansão rápida do vinhedo no Douro Superior, onde o ataque da filoxera foi mais tardio e menos violento. Surgem novas práticas de preparação do terreno, alteram-se as práticas de plantação da vinha, selecionam-se as melhores castas regionais para enxertia, difunde-se a utilização racional de adubos e fito - sanitários, aperfeiçoam-se os processos de vinificação... Já no final do século, é bem visível o impacto da filoxera no reordenamento do espaço regional.
Aos poucos reorganizado e estendendo-se agora a uma área muito maior, o vinhedo duriense contará, a partir de finais dos anos oitenta do século XIX, com um outro inimigo, bem mais destruidor que as doenças da videira, a crise comercial. Paralelamente, a fraude. As imitações de vinho do Porto tornam-se frequentes nos nossos principais mercados, onde se vendem os French Ports, os Hamburg Ports, os Tarragona Ports, por preços inferiores aos genuínos Port Wínes. Crise comercial, crise da lavoura, o Douro era um retrato de miséria. Até há relativamente pouco tempo, o comércio do vinho do Porto estava dependente do rio Douro para transportar os vinhos da região do Douro para as caves dos exportadores localizadas no litoral. As primeiras referências a embarcações com vinho ao longo do Douro datam de cerca de 1200, quando estas eram referidas como barcas taverneiras. No entanto, durante a maior parte da história do vinho do Porto e até meados do século XX, as embarcações que realizaram este trabalho foram os notáveis barcos rabelos. A linha ferroviária do Douro constitui uma grande obra para o Douro pelas implicações nos transportes. O transporte tradicional em barcos rabelos, difícil e demorado deixa de efetuar-se e é substituído pelo comboio. A linha de caminho de ferro do Douro começa a construir-se em 1873. Passados cinco anos chega à Régua. A sua conclusão aconteceria em 1887, ano em que foi inaugurada a linha do Tua desde Foz-Tua a Mirandela. Grande mentor desta obra foi João da Cruz, cuja memória prevalece numa avenida em Bragança. Possuidor de vários terrenos e quintas no concelho, particularmente em Parambos, Selores e Ribalonga. No entanto os barcos rabelos mantiveram-se em menor número, na década de 1930 havia ainda cerca de 300 barcos rabelos registados. À medida que o acesso à região do Douro foi melhorando, o transporte rodoviário começou a assegurar o transporte. Em 1961, apenas 6 rabelos estavam ainda a funcionar. A última viagem comercial de um rabelo no rio Douro, crê-se ter sido em 1964.
Ao iniciar o seu governo de ditadura, a 10 de Maio de 1907, João Franco (1855 - 1929), assinava um decreto que vinha regulamentar a produção, venda, exportação e fiscalização do vinho do Porto, regressando aos princípios que nortearam, 150 anos antes, a política pombalina de defesa da marca. Foi novamente demarcada a região produtora, abarcando agora o Douro Superior. Restabelecia-se o exclusivo da barra do Douro e do porto de Leixões para a exportação dos vinhos do Porto, reservando-se a denominação de Porto para os vinhos generosos da região do Douro, com graduação alcoólica mínima de 16,5 % de teor alcoólico. A proteção e fiscalização da marca ficavam agora a cargo da Comissão de Viticultura da Região do Douro. Em contrapartida, o decreto de 27 de Junho, que veio regulamentar o comércio das aguardentes, proibia a destilação dos vinhos durienses, obrigando o Douro a receber de outras regiões vitícolas a aguardente para beneficiação dos seus vinhos, facto que motivou violenta contestação. O alargamento excessivo da área de demarcação suscitou também viva polémica. No ano seguinte, o governo do Almirante Ferreira do Amaral (decreto de 27 de Novembro) iria optar pela demarcação por freguesias, reduzindo a área produtora de vinho do Porto praticamente ao espaço da atual demarcação (Dec - Lei de 26 de junho de 1986), que corresponde ao que foi estabelecido pelo decreto de 10 de Dezembro de 1921. As exportações aumentaram a um ritmo nunca esperado, atingindo, em 1924/1925, mais de cem mil pipas, nível que só seria ultrapassado em finais da década de 1970.
Porém, a situação nas aldeias do Douro não parece ter sofrido melhorias significativas. A miséria e a fome agravavam-se com a subida dos impostos e dos preços dos produtos, no fim da Monarquia e durante a 1ª República. A agitação política e social do primeiro quartel do século XX marcou um dos períodos mais turbulentos da história do Douro. Manifestações, comícios, motins, incêndios de comboios com aguardente do Sul, assaltos a Câmaras e Repartições Públicas. O novo regime nascido do levantamento militar de 28 de Maio de 1926 viria impor novas alterações na organização do comércio de vinho do Porto e da lavoura duriense, reforçando o intervencionismo estatal. Logo em 1926, foi criado o Entreposto de Vila Nova de Gaia, que deveria funcionar como prolongamento da região produtora. Todas as empresas ligadas ao comércio do vinho passariam a ter aqui obrigatoriamente os seus armazéns de envelhecimento, acabando, na prática, com a comercialização direta, a partir do Douro. Em 1932, o regime corporativo organizava os Grémios da Lavoura, com representação dos Sindicatos locais, constituídos pelos proprietários cabeças - de - casal. Por seu turno, os Grémios Concelhios passariam a associar-se na Federação Sindical dos Viticultores da Região do Douro - Casa do Douro, organismo encarregado de proteger e disciplinar a produção. Regulamentação posterior (decreto de 30 de Abril de 1940) atribui-lhe poderes para elaborar a atualização do cadastro, distribuir o benefício, fornecer aguardente aos produtores, fiscalizar o vinho na região demarcada e conceder as guias para os vinhos a serem transportados para o Entreposto de Gaia.
Em 1933, era organizado o Grémio dos Exportadores do Vinho do Porto, associação do sector comercial com as funções de zelar pela disciplina do comércio. As atividades da Casa do Douro e do Grémio dos Exportadores passam a ser coordenadas pelo Instituto do Vinho do Porto, organismo criado nesse mesmo ano com as funções de estudo e promoção da qualidade, fiscalização e propaganda do produto. Foi atualizado o cadastro dos vinhedos. De acordo com a localização, as características do terreno, as castas e a idade da vinha, a Casa do Douro atribui anualmente a cada viticultor uma autorização para produzir uma quantidade de mosto determinada, a que corresponde uma certa qualidade (da letra A, o melhor, até à letra F) e um preço correspondente. É o sistema de benefício. A partir dos anos 50, desenvolve-se o movimento cooperativo, que, nos inícios da década seguinte, abarcará cerca de 10% do número de produtores e da produção vinícola regional. Após 1974, a organização corporativa é extinta, mas a Casa do Douro e o Instituto do Vinho do Porto mantêm as suas funções básicas de defesa da qualidade da marca. Por seu turno, o Grémio dos Exportadores deu lugar à Associação dos Exportadores do Vinho do Porto, que passou a designar-se, mais recentemente, Associação das Empresas de Vinho do Porto. Entre as empresas exportadoras, tem-se verificado uma tendência para a concentração. Paralelamente, algumas dessas empresas têm realizado grandes investimentos na área da produção, adquirindo quintas e vinhedos, e fazendo novas plantações. Em movimento inverso, alguns produtores lançam-se, desde 1978, no circuito da comercialização direta, recuperando uma prática perdida em 1926. Em 1986, cria-se a Associação de Produtores Engarrafadores de Vinho do Porto, visando sobretudo a exportação direta, a partir das quintas do Douro, em nome dos respetivos produtores.
Em 1995, a região Demarcada do Douro viu alterado o seu quadro institucional. Passou a estar dotada de um organismo interprofissional, - a Comissão Interprofissional da Região Demarcada do Douro (CIRDD), no qual tinham assento, em situação de absoluta paridade, os representantes da lavoura e do comércio, com o objetivo comum de disciplinar e controlar a produção e comercialização dos vinhos da região com direito a denominação de origem. As alterações introduzidas respeitaram, contudo, as especificidades históricas, culturais e sociais da região, seguindo as linhas orientadoras da lei - quadro das regiões demarcados vitivinícolas. Duas secções especializadas compunham o Conselho Geral da CIRDD determinando as regras aplicáveis a cada uma das denominações: uma relativa à denominação de origem "Porto" e outra aos restantes vinhos de qualidade ("VQPRD") da região. A Comunidade Europeia em 1998 elabora um regulamento que estabelece normas de execução relativas à proteção das menções tradicionais complementares utilizadas para certos tipos de vinhos de qualidade produzidos em regiões demarcadas. Este regulamento protege as menções relativas à Região do Douro como "Vintage", "Late Bottled Vintage", "Tawny", "Ruby". São igualmente reconhecidas as denominações de "Douro" e "Porto". Atualmente a produção de vinhos nesta região do Douro, incide mais nos vinhos designados de "tranquilos" (vinhos não licorosos), do que nos "generosos" (vinhos licorosos com alto teor de açúcar e álcool). A designada Região Vinhateira do Alto Douro ou o Alto Douro Vinhateiro, é uma área do nordeste de Portugal com mais de 26 mil hectares, classificada pela UNESCO em 14 de Dezembro de 2001, como Património da Humanidade, na categoria de paisagem cultural e rodeada de montanhas que lhe dão caraterísticas mesológicas e climáticas particulares. Este modelo veio a sofrer nova alteração em 2003, com a substituição da CIRDD por um Conselho Interprofissional Integrado no Instituto dos Vinhos do Douro e Porto.
A Região Demarcada do Douro divide-se em 3 zonas distintas:
Baixo-Corgo
Representa mais de metade da região demarcada com 51% da área ocupada por vinha, com 13.500 hectares de vinhedo, representa toda a margem direita do Rio Douro, desde Barqueiros ao Rio Corgo (Régua). A razão de assim ser é por esta área estar na origem da viticultura. As uvas cultivadas aqui são utilizadas principalmente para a produção do Porto Ruby e Tawny de preço pouco elevado. Mesmo em séculos anteriores o rio Douro era navegável até este ponto e a produção era transportada rio abaixo. Compreende a margem esquerda do rio Douro, desde a freguesia de Barrô até ao Rio Temilobos, nas proximidades da Vila de Armamar.
Cima-Corgo
Localizado a montante do Baixo Corgo, esta região está centrada na cidade do Pinhão. As uvas cultivadas nesta zona são consideradas de elevada qualidade, sendo utilizadas na produção de Vintages e de Late Bottled Vintages. O Cima Corgo é o coração do cultivo vitivinícola para o vinho do Porto. Cerca de 17.000 hectares de vinhedos albergam as marcas e os nomes mais conhecidos e muitas das mais belas quintas. 36% da região demarcada, estende-se desde as fronteiras da anterior e vai até ao meridiano que passa no Cachão da Valeira.
Douro superior
A área mais pequena com aproximadamente 13%, desde as fronteiras da Cima-Corgo prolongando-se até à fronteira espanhola. Esta é a região menos cultivada do Douro, em parte devido às dificuldades de navegação no rio após o Cachão da Valeira. Apenas uma pequena parte (8.000 hectares) da enorme área do Douro superior (110.000 hectares) é utilizada para viticultura. Há um total de cerca de 33.000 viticultores na região do Douro, 80% possuem menos de 0.5 hectares.
Ao longo de quase dois milénios, fez-se, nas encostas xistosas do vale do Douro, uma paisagem vitícola singular, um vinho excecional. Mais do que um dom da natureza, o vinho do Porto é, na sua essência, um património cultural coletivo de trabalho e experiências, saberes e arte, que gerações e gerações acumularam. O vinho do Porto foi e é um produto chave da economia nacional e ainda mais um valor simbólico que distintamente representa a portugalidade no mundo. Para além do vinho, o Douro tem-se afirmado nos últimos anos como um pólo de desenvolvimento turístico. Vários operadores turísticos ligados à navegação fluvial, assim como a criação de comboios turísticos a vapor, percorrem o rio entre a Régua e o Tua e outro que percorre a linha do Corgo entre a Régua e Vila Real, principalmente no Verão. Algumas unidades hoteleiras e de turismo rural vão se implantando na região. Douro, uma região vinícola de uma beleza indescritível.
Texto:
Paulo Nogueira
Publicação feita ao abrigo do acordo de partilha de conteúdos entre o blogue "Histórias com História" e o site "Cultura e Não Só".