2019 foi um ano de superação para Samuel Martins Coelho. Foi o ano de lançamento do seu disco Partita para violino solo, um projecto de grande envergadura, tanto a nível artístico como pessoal.
2019 foi também o ano em que recebeu o convite para trabalhar com o compositor canadiano Normand Roger, na gravação da banda sonora para o novo filme de Regina Pessoa, Tio Tomás - A Contabilidade dos Dias, candidato às nomeações para os Óscares, tendo já passado a primeira fase de votações dos membros da Academia de Hollywood. Entre outros prémios, o filme recebeu o prémio de melhor banda sonora de curta-metragem no Festival Annecy.
A colaboração com Normand Roger revelou-se uma experiência exigente, a nível da execução e capacidade de resposta às ideias do compositor. O método de trabalho passou por o compositor descrever as cenas do filme e o contexto musical, para a partir daí o Samuel poder interpretá-las no violino.
Um admirador de longa data do trabalho de Regina Pessoa, a possibilidade de colaborar neste filme representa para Samuel uma oportunidade de ver o seu trabalho reconhecido além fronteiras.
Numa altura de balanços, pretende-se que 2020 seja um ano multi-disciplinar, com os olhos postos no futuro, mas com os pés no presente. Os planos passam por continuar a desenvolver os seus projectos e, claro, apresentar o seu disco ao vivo.
Partita Para Violino Solo
Tudo começou com uma viagem, no final de Agosto de 2018. Supostamente era apenas mais uma viagem de férias, mas os acontecimentos que se seguiram puseram em movimento um conjunto de forças e de energias, algo muito maior do que Samuel Martins Coelho, que estava, na altura, muito além do que era tangível. Rapidamente percebeu que aquela viagem era, acima de tudo, interior. Uma viagem de descoberta, por vezes de confrontos, outras vezes de encontros. E assim se iniciou um novo ciclo criativo.
A ideia de gravar um disco para violino solo já várias vezes tinha surgido, mas o tempo nunca parecia o certo. Foi no violino que Samuel Martins Coelho fez grande parte da sua formação e com o violino iniciou a sua carreira como músico, na altura em orquestra. A fortíssima tradição histórica e cultural do violino, imprimia um forte respeito e uma certa cautela a esta ideia. Mas as ideias amadurecem e ganham forma, e o tempo certo para as concretizar sempre chega.
Numa residência artística realizada em Dezembro na sua casa de campo em Santo Tirso, as ideias foram ganhando forma, as composições foram surgindo. A experiência da viagem realizada e toda a sucessão de acontecimentos interiores despoletados, começaram a materializar-se numa série de composições profundamente ligadas a um estado solitário de introspecção, de consciencialização de processos mentais de transformação, de desconstrução e de reorganização do ser. Samuel Martins Coelho percebeu que este seria um disco autobiográfico, cuja essência é o próprio pensamento.
Partita para violino solo é o seu contributo para a música contemporânea, para a escrita de música para violino, para as novas gerações de músicos violinistas. O disco foi editado dia 11 de Outubro.