Tim, vocalista dos Xutos e Pontapés entre outroS projetos abriu recentemente, com os filhos, uma escola de música em Lisboa, chama-se "Voar - Escola de Rock".
Foi numa pausa na digressão dos concertos de comemoração dos 35 anos do álbum "Circo de Feras" que o Cultura e Não Só (CNS) foi fazer uma visita a este novo espaço de ensino de música e falar com o seu mentor.
CNS - Como é que surgiu a ideia para esta escola?
Surgiu porque havia oportunidade! Eu e os meus filhos estávamos a pensar o que é poderíamos fazer juntos, como eu já tinha experiencia de dar aulas e eles tem os seus cursos de formação musical, queríamos algo com futuro, e acabou por surgir a ideia desta escola. De ter um convívio com malta mais nova e com alguns mais velhos que também gostam de música e de se fazer uma espécie de clube onde se pudesse falar, ensinar e tocar rock.
CNS - Como é que tem sido a recetividade da escola, o Tim ser uma figura publica e pertencer a umas das bandas nacionais tem ajudado?
Claro que tem ajudado, a recetividade tem sido boa. Nós estamos abertos há pouco mais de um mês e o mais engraçado é que a recetividade das pessoas tem sido boa, tal como a satisfação com que os alunos e professores saem das aulas.
Temos as aulas de instrumentos e aulas de conjunto o que de uma certa forma dá a sensação de termos uma banda, ensaiamos juntos, contamos histórias, etc, e é esse convívio que torna isto diferente, engraçado e é como se fosse um clube.
Aqui não temos a situação de os alunos só estarem com o professor nas aulas de formação, e isto sempre me fez confusão noutros lugares onde dei aulas, até porque depois nas audições era cada um por si, aqui na escola sempre achámos que a música se baseia no convívio de pessoas diferentes com gostos diferentes, tanto é que as idades dos nossos alunos vão desde os 12 anos até alunos com mais de 50 anos
CNS - Acha que pode surgir uma nova banda que conquiste o mercado nacional?
(risos) Pode surgir alguma coisa, temos alunos que já têm bandas, alguns dos alunos mais velhos vêm aprender aquilo que não tiveram a oportunidade de fazer estas aprendizagens quando eram mais novos. Tudo é possível.
CNS - Como é que o Tim chegou ao restante corpo docente (Gimba, João Alves e a Joana), além dos seus filhos Sebastião e do Vicente?
O Gimba já dava um curso de escrita criativa de letras online, sempre se dedicou a essa vertente, somos amigos desde os 17 anos e desafiei-o a dar umas aulas.
O João Alves é meu conhecido há bastante tempo porque toca comigo nos Resistência, e faz a substituição do Pedro Jóia e do Mário Delgado quando não podem tocar, ele é um belíssimo guitarrista a todos os níveis de execução. O João acabou por aceitar o desafio e veio a tornar-se no professor com maior sucesso aqui na escola tanto que é o que tem mais alunos.
A Joana Campelo, é filha da Isabel Campelo que gravou discos na música portuguesa e do Jorge Barata que trabalhou com a Teresa Salgueiros, e tem o curso do conservatório de voz, piano, composição, entre outros elementos.
Quando falámos com eles fizemos a proposta sem saber o que ia acontecer, mas que isto iria funcionar consoante os alunos que recebessem.
CNS - Entre Xutos e Pontapés, Resistência, carreira a solo, a criação de guitarras personalizadas, e a vertente hortícola, como é que o Tim tem tempo para gerir isto tudo? Qual é o segredo?
Não tem segredo, é mesmo uma questão de calendário.
Na escola fiquei com as segundas-feiras à tarde e as terças ao fim do dia para mim, e acaba por não ser difícil porque as segundas são dias mais calmos.
A partir deste mês começamos a ter mais concertos e as aulas terminam no fim de Junho, depois retomamos em Setembro com o inicio do novo ano letivo.
CNS - Falou nos Xutos, existe alguma novidade que o público possa esperar além do que está anunciado?
Nós temos tido sempre coisas a aparecer.
O Circo de Feras está fechado, em termos de material novo parámos em Outubro com as gravações porque não temos tempo para nos dedicarmos, e o pouco que temos comprometemo-nos com a seleção nacional de Rugby para compormos o hino deles.
Esperamos ter o hino pronto no final deste mês para estar no mundial da França em Setembro.
Se tudo correr bem em Maio teremos mais tempo para ouvirmos as gravações que fizemos, mas o Gui estava a dizer no outro dia que gostaria de apresentar um ou dois temas novos durante a tournée de verão, no entanto ainda não temos a certeza, até porque parece que está tudo fresco e não temos nada fechado.
CNS - Relativamente à Resistência irão ter alguma digressão este ano?
Para já temos cerca de 10 datas a partir de Maio acho eu. O Fernando Cunha quer que comecemos a trabalhar num novo disco no final da Primavera para gravarmos no outono, mas o trabalho da Resistência é moroso porque como trabalhamos sobre temas já feitos a grande dificuldade acaba por ser a escolha dos temas.
A ideia que tivemos era fazer uma coisa tipo velhos e novos, temo-nos sempre dedicado à música dos anos 80 e 90, e a ideia do Cunha seria termos um trabalho com base em temas do Fausto, Zé Mário, e da geração anterior à nossa tal como posterior à nossa, como já se está a ver isto deve fazer-nos refletir sobre talvez 40 temas, até porque o tema é proposto, trabalhamos a música, vemos como fica e só depois nos decidimos.
CNS - O Tó (Trips) vai continuar nos Xutos?
O Tó teve a gentileza de fazer esta substituição das guitarras do Zé Pedro neste período do Circo de Feras, mas ficou desde logo assente que embora a gente se dê bem, ele tem a carreira dele e não quer prescindir disso. Se viesse para os Xutos teria de abdicar de algo na sua carreira quanto mais não fosse em tempo, e nós também não queríamos ter o Tó a meio tempo.
CNS - O Tim recentemente disse numa entrevista que o Tó é assustadoramente parecido ao Zé Pedro, em voz e não só, como é partilhar o palco com ele?
Às vezes é um bocadinho estranho porque estamos há uns anos sem o Zé Pedro, já tínhamos feito a nossa cura daquela presença e daquele som, e às vezes é um sentimento forte aquele reviver, porque mesmo que feches os olhos está lá a guitarra, o tipo de voz e piadas são parecidos, a maneira de vestir e de colocar as pernas, o que acaba por nos remeter para uma certa saudade...
Se tivermos que meter alguém de novo queremos que seja uma pessoa que traga algo de novo à banda em vez de ir buscar o passado. É muito difícil definir um perfil de pessoa que encaixe nos Xutos, é assustador até pensar nisso porque já temos uma certa idade e vícios, e meter uma pessoa nova pode ser desafiante, mas tinha de ser uma pessoa completamente diferente e que nos leve a outros caminhos.
CNS - Voltando à Voar - Escola de Rock, quem quiser entrar para a escola o que precisa de fazer?
Nós temos uma joia e um valor mensal que são cerca de 100 euros, esse valor dá acesso a aulas de instrumento, ou de canto, tem também incluído as aulas de grupo e outras atividades que a escola poderá fazer.
Se a pessoa quiser ter uma disciplina extra, por exemplo aulas de piano e de canto, então acresce mais 50 euros.
O que nos tem limitado agora são os horários porque trabalhos das 14h ás 19h30, eu dou aulas de baixo à segunda-feira, o João Alves dá aulas de guitarra também à segunda-feira, a Joana dá aulas de canto à terça bem como o Vicente das teclas, às quartas temos aulas de bateria e ainda as aulas do Gimba, e temos as quintas e sextas-feiras livres de aulas mas a escola está aberta para quem quiser vir cá estudar e tocar.
Facebook da escola - https://www.facebook.com/voarescoladerock
