Neste romance de Will Eaves, ouve-se um murmúrio, esse som que se confunde com o significado da própria palavra. O murmúrio, em jeito de fluxo de consciência, pertence a Alec Pryor, protagonista e narrador, inspirado na figura de Alan Turing – o famoso criptologista que decifrou o código da Enigma e, com isso, conduziu os Aliados à vitória no final da Segunda Guerra. Murmúrio, de Will Eaves, transporta para o romance uma das mentes mais brilhantes do século XX.
Escrito em forma de diário e de cartas, Murmúrio relata, na primeira pessoa, o período que se seguiu à prisão, julgamento e condenação do célebre matemático, precursor da revolução tecnológica e da inteligência artificial. É que, apesar de ter contribuído de forma ativa para o desfecho da guerra na Europa, Alan Turing foi perseguido pela sua homossexualidade, submetido a castração química e inúmeras sessões de psiquiatria que o conduziram a enormes transformações físicas e mentais e à sua morte prematura, com pouco mais de quarenta anos, apontada como provável suicídio.
Nas cartas à amiga June ou nas anotações pessoais que redige, Alec conduz-nos através do pensamento do matemático e da análise que faz da natureza da consciência humana, com considerações também sobre a inteligência artificial. Uma viagem aos bastidores do seu castigo e o caminho de vergonha e exclusão que percorre, com enorme dignidade e aceitação.
Sobre o Autor
Will Eaves é autor de cinco romances e duas coletâneas de poemas. Nasceu em 1967 em Bath (no Somerset) e fez a sua formação académica em Cambridge. Foi editor do Times Literary Supplement e é Professor Associado na Universidade de Warwick. Escreve para o The Guardian e para a revista The New Yorker. Os seus romances foram finalistas de muitos prémios: The Oversight, de 2001, foi finalista do prémio Whitbread para primeiro romance; The Absent Therapist, de 2014, do prémio Goldsmiths; e The Inevitable Gift Shop, de 2016, do prémio Ted Hughes. Mantém um podcast (juntamente com Sophie Scott) sobre Neurociência e Literatura.