segunda-feira, 29 de novembro de 2021

A Bertrand Livreiros desafia-nos a celebrar a vida e a combater o idadismo


“Viver é um verbo enorme.” É este o lema, tomado de empréstimo a José Luís Peixoto (Abraço, Quetzal, 2011), que a Bertrand Livreiros assume como tema da recente edição da sua revista Somos Livros, cuja mensagem reforça através do filme partilhado nas redes sociais e televisão.

O ponto de partida são os números que não devem ser ignorados: as vidas estão cada vez mais longas: 50% das crianças que nasceram em Portugal, este ano, passarão a barreira dos 100 anos de idade. Atualmente, a esperança de vida à nascença é de 81 anos (mais 22 anos do que em 1950). São motivos para celebrar, uma conquista do nosso tempo sobre a mortalidade prematura. Mas estaremos prontos para assimilar plenamente as suas consequências? O que estamos a fazer para nos prepararmos para viver mais tempo? O que vamos fazer com os anos que temos pela frente?

65 anos é a idade a partir da qual, em termos estatísticos e administrativos, a nível mundial, uma pessoa é considerada idosa. A vida não é, nem pode ser, uma espera, mais ou menos longa, pela morte, assegura-nos a rede da livraria mais antiga do mundo em funcionamento. Simultaneamente, desafia-nos a questionar uma das formas de discriminação mais comumente aceite em sociedade: o idadismo, o preconceito baseado na idade, que está profundamente enraizado na forma como pensamos, sentimos e agimos. Um problema que acaba por ser alimentado por serviços públicos, instituições de solidariedade social, empresas, no seio familiar e, até, no texto da Constituição da República.

“Esta discriminação parece ter-se reforçado durante a pandemia de COVID-19”, afirma Elísio Borges Maia, administrador da Bertrand Livreiros, que esclarece: “a débil e lenta reação de vários países à primeira vaga de COVID-19 foi consequência da ideia (que viria a revelar-se tragicamente errada) de que esta doença só punha em risco os mais idosos. A pandemia também expôs os lares de idosos como incubadoras de morte. Vários países utilizaram a idade cronológica como critério para medidas especiais de proteção ou restrição dos mais velhos, reforçando o preconceito de que, a partir de certa idade, somos mais frágeis, menos autónomos ou menos capazes. Estes foram apenas alguns dos motivos que levaram a que o tema se afigurasse como a escolha óbvia, para uma reflexão séria e, acima de tudo, otimista, numa das alturas do ano mais propícias ao ruído, mas também à introspeção.”

“O envelhecimento demográfico não é uma crise e não deveríamos temê-lo, mas sim festejá-lo”. Quem o diz é a demógrafa Maria João Valente Rosa, uma das entrevistadas da edição de Natal da revista Somos Livros, que contou também com os testemunhos inspiradores de algumas pessoas que são a personificação de “um tempo sem idades”.

Este Natal, a Bertrand desafia-o a celebrar a vida e os seres humanos - que não têm, nem devem ter, prazo de validade – e a assumir também como seu o lema: “Viver é um verbo enoooooooorme!”.