Com a estação quente a terminar, atenção dos melómanos tem um nome, Super Bock em Stock. Nos dias 25 e 26 do próximo mês de novembro, as melhores propostas a descobrir vão tomar conta dos palcos espalhados pela Avenida da Liberdade e pela Baixa de Lisboa. O cartaz ganha forma e há mais oito nomes que combinam com a exigência musical que sempre orientou o Festival: Algumacena, Atalaia Airlines Big Band c/ convidados, Buzzard Buzzard Buzzard, Enola Gay, Isla de Caras, Juçara Marçal, Mari Segura e Yaya Bey.
Algumacena resulta do encontro entre o baterista Ricardo Martins (Pop Dell’Arte, Fumo Ninja, Chão Maior, Bruxas/Cobras, Jibóia e Papaya) e Alex D’Alva Teixeira (D’Alva). Sempre que os dois se cruzavam em concertos, falavam na possibilidade de fazer “alguma cena” juntos. Demorou, mas finalmente aconteceu. Alex e Ricardo marcaram encontro num espaço de total liberdade criativa, onde exploram territórios sónicos diversos, guiados pelas infindáveis coordenadas do universo do rock e de todas as suas permutações — sempre com a mente aberta a influências de outros géneros musicais. Têm estado a trabalhar com afinco na composição de canções e, desde a memorável estreia que tiveram na última edição do festival Barreiro Rocks, têm tocado esse repertório de norte a sul do país, levantando o interesse do público e também de vários meios de comunicação dedicados ao rock, ao metal e à música alternativa. “Que Te Tira o Sono À Noite”, o EP de estreia de Algumacena, viu a luz do dia neste ano de 2022 e promete conquistar o público também ao vivo, dia 26 de novembro, no Super Bock em Stock.
Atalaia Airlines é um conjunto musical baseado em Lisboa e formado por Humberto Dias e Pedro Puccini. O nome da banda é também o nome do primeiro longa-duração, considerado por crítica e público como uma das melhores estreias de 2021. Trata-se de um disco altamente produzido e assumidamente presunçoso, cuja essência vem dos arranjos de cordas lustrosos, da secção de sopros pujante, dos coros femininos, da combinação de baterias acústicas e eletrónicas encorpadas, dos sintetizadores analógicos e digitais que tanto influenciaram a música na década de 80, das guitarras sensuais e das percussões hipnotizantes que fazem estremecer o coração... Depois de há um ano estrearem o disco ao vivo no Super Bock em Stock, estão de volta à Avenida da Liberdade para um concerto inédito em formato Big Band, fazendo- se ainda acompanhar de convidados como Mike El Nite, João Sala, Filipe Karlsson, Alexandre Guerreiro ou Iguana Garcia. Um momento imperdível que acontece dia 25 de novembro em mais um Super Bock em Stock.
Os Buzzard Buzzard Buzzard surgiram em 2017 e pouco depois já despertavam a atenção da imprensa musical e de nomes como o lendário Iggy Pop. Apaixonados pelo rock da década de 70, a banda é uma digna herdeira da tradição glam ao mesmo tempo que acrescenta a sua identidade a essa mesma tradição – um diálogo com o passado marcado pelo prazer da música pela música. Os Buzzard Buzzard Buzzard são Tom Rees (voz e guitarra), Zac White (guitarra), Ed Rees (baixo) e Ethan Hurst (bateria). Rees e Hurst já se conheciam de outras andanças, mas a banda só apareceu quando Rees decidiu começar a escrever as primeiras canções claramente inspiradas no rock da década de 70. Assim que a banda se formou, não pararam de tocar ao vivo, até refinaram o espetáculo que hoje apresentam, marcado por uma energia bem alta e por um glamour inconfundível. Depois do sucesso alcançado com singles como “Double Denim Hop” e “John Lennon Is My Jesus Christ”, a banda também passou com distinção o desafio do primeiro disco com a edição de “Backhand Deals” neste ano de 2022. É impossível resistir a esta ensolarada coleção de canções, como se percebe depois da audição de temas como “Good Day” ou “A Passionate Life”, alguns dos momentos também mais celebrados ao vivo. E essa celebração passa por Portugal, dia 25 de novembro, no Super Bock em Stock.
Os Enola Gay têm pouco mais de três anos, mas já se pode dizer que são uma das bandas do momento. Tudo começou com o encontro entre o guitarrista Joe McVeigh e o vocalista Fionn Reilly. Depois do sucesso das primeiras atuações ao vivo, onde logo ficou evidente toda a sua energia, começaram as gravar as primeiras canções, inspirados em bandas como IDLES, Fontaines D.C. ou Girl Band. E nem a pandemia impediu que a popularidade dos Enola Gay continuasse a crescer, graças a momentos como “The Birth of a Nation”, um single que aponta para o racismo da sociedade e que revela a força interventiva da banda. As guitarradas pungentes, a cadência das palavras que nos remete para o hip-hop, os ecos das melhores bandas pós-punk do final da década de 70, tudo isso contribui para o encanto irresistível dos Enola Gay. E esse encanto fica mais uma vez evidente no EP “Gransha”, editado em 2021. Se alguém acha que o punk morreu, mudará de ideias assim que ouvir as quatro canções que fazem parte deste registo de estreia da banda irlandesa. Trata-se de uma explosão de energia, visceral até mais não, e que promete arrebatar o público português no próximo Super Bock em Stock, no dia 26 de novembro.
A melhor música argentina também passará por Lisboa em novembro deste ano. Isla de Caras prova a vitalidade da música produzida no país de Diego Maradona. No entanto, aqui os golos e as fintas são exclusivamente musicais – e não é pouco, como se percebe depois de ouvir com atenção Isla de Caras. Liderados por Lautaro Cura, a banda começou a dar nas vistas principalmente a partir de 2018, depois da presença no Lollapalooza realizado na Argentina. Enamorados pelo dream pop e vocacionados para as melodias que se colam aos ouvidos, sem nunca perder a exigência, os Isla de Caras têm algo de verdadeiramente genuíno e original. Entre o R&B e a canção pop, o som da banda envolve o ouvinte numa atmosfera vagamente tropical. Essa atmosfera conquistou quem ouviu o disco de estreia, “Chango”, editado em 2018. Gravado no estúdio Los Pájaros e masterizado em Nova Iorque por Alan Douches (um engenheiro de som que já trabalhou com bandas como Animal Collective ou LCD Soundsystem, o que explica muita coisa…), este registo revelava toda a capacidade de Lautaro Cura para a escrita de canções. Temas mais recentes como “Idiota” (com Vanessa Zamora), “Su Carita”, “Partenaire” e “Una Caricia” mostram a boa forma da banda e são algumas das canções que podem fazer parte do alinhamento preparado para o dia 25 de novembro, no Super Bock em Stock.
Juçara Marçal tem uma vida dedicada à música e às artes, num percurso absolutamente singular. Depois do trabalho desenvolvido nos grupos Vésper Vocal, A Barca e, principalmente, Metá Metá, nos últimos anos Juçara decidiu apostar num caminho a solo. Além de cantora, Juçara é também professora de canto e de língua portuguesa, o que talvez explique todo o cuidado no tratamento da palavra ao longo da sua carreira artística e também no primeiro disco a solo, “Encarnado”, editado em 2014. O disco foi celebrado tanto pelo público como pela crítica, graças a temas tão fortes como “Velho Amarelo” ou “Não Tenha Ódio No Verão”. A cantora brasileira editou o seu segundo disco em 2021, com produção de Kiko Dinucci. “Delta Estácio Blues” não frusta qualquer expectativa, muito pelo contrário: eleva ainda mais a fasquia, colocando Juçara na vanguarda da música cantada em português (e na restante também). Este é mais um registo de colagens eletrónicas ao serviço da poesia, testando as fronteiras dos géneros musicais que servem de base para uma série de narrativas urbanas, retratos de um país frustrado. As investigações sonoras que deram origem a este disco em momento algum lhe tiram toda a humanidade, graças a temas tão fortes como “Crash” ou “Sem Cais”. Espera-se, portanto, que Juçara Marçal seja protagonista de um dos momentos mais altos do festival Super Bock em Stock, dia 26 de novembro.
Mari Segura é uma jovem cantora e compositora colombiana-mexicana, residente em Lisboa, que se inspira na vida e transforma a sua experiência em melodias que tanto podem fazer sorrir ou comover quem as ouve. Com apenas seis anos foi-lhe oferecida a primeira guitarra e aos 12 compôs a primeira canção. Desde aí nunca mais parou. Em 2020, deu que falar quando participou no concurso “The Voice Portugal” e impressionou os jurados na sua prova cega, tendo virado as quatro cadeiras. Além do reconhecimento do público português, também criou alvoroço na Colômbia, por representar o seu país tão longe de casa. Em 2021, com apenas 23 anos, já tinha vivido em sete países, experiências que acabam por se refletir na música que faz. As suas influências latinas, em conjunto com uma onda indie folk e pop, dão origem a um som, cantado tanto em espanhol como em inglês, e às vezes também em português e italiano. Em 2022 edita o seu EP de estreia “Piano Piano”. E o público português poderá ficar a conhecer essas novas canções no Super Bock em Stock, dia 25 de novembro.
Yaya Bey é uma das mais entusiasmantes contadoras de histórias do R&B. Sem nunca deixar de dialogar com as referências do passado, nem de querer vingar a sua própria assinatura, a cantora e compositora de Brooklyn oferece-nos uma série de histórias em que tanto partilha todas as suas dificuldades, como também nos deixa a porta aberta para a alegria de viver. Yaya Bey estreou-se em disco no ano de 2020 com o lançamento de “Madison Tapes”, um registo em que mostrava todo o seu potencial. No ano seguinte chegou também “The Things I Can't Take with Me”, um registo comovente que revela a sensibilidade da cantora norte-americana. 2022 é o ano de um novo disco. “Remember Your North Star” é um caldeirão onde cabem o jazz, R&B, soul, reggae, entre outros géneros. É um disco sobre ser mulher, mulher e negra, onde todos os traumas, seus e de tantas outras mulheres marcadas pela misoginia, são matéria para uma série de canções que constituem alguma da melhor música deste ano de 2022. Muito elogiado por publicações como a Pitchfork, “Remember Your North Star” é um disco capaz de conquistar o público português, também ao vivo, em mais uma edição do Super Bock em Stock, no dia 25 de novembro.