sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Susan Sontag por uma cultura pluralista e polimorfa



«O mundo em que estes ensaios foram escritos já não existe», escreveu Susan Sontag no posfácio de Contra a Interpretação e Outros Ensaios, trinta anos após a primeira edição da coletânea em 1966, reavaliando a pertinência dos textos à luz do tempo da sua escrita, do «estado da arte» e do mundo passadas três décadas: «Olhando para trás, como tudo isso parece maravilhoso. Quem nos dera que algum desse arrojo, desse otimismo, desse desdém pelo comércio tivesse sobrevivido.»  

«Contra a interpretação» é um dos mais célebres ensaios de Susan Sontag e o que dá título a este livro, que a Quetzal faz chegar às livrarias a 15 de setembro, com tradução de Vasco Teles de Menezes. Ícone da boémia intelectual e artística nova-iorquina, Susan Sontag assina também «Sobre o estilo», publicado na Partisan Review; «Os Cadernos de Camus» e «Ionesco» (New York Review of Books); «O artista como sofredor exemplar» (The Second Coming); «A imaginação da catástrofe» (Commentary) e «Notas sobre o camp» (Partisan Review), para nomear apenas alguns.

«Escrevi na qualidade de entusiasta e partidária — e com, parece-me agora, certa ingenuidade. Não me apercebi do imenso impacto que a escrita sobre novas atividades artísticas, ou pouco conhecidas, pode ter na era da “comunicação” instantânea», observava em 1996. «Escrever textos críticos veio a revelar-se um ato tanto de libertação intelectual como de expressão das minhas próprias ideias. Mais do que ter resolvido, para mim mesma, uma determinada quantidade de problemas fascinantes e perturbadores, tenho a sensação de os ter gasto.»

Sobre a Autora

Susan Sontag nasceu em 1933, em Nova Iorque, cidade onde morreu, em 2004 – e foi uma das mais importantes intelectuais norte-americanas da segunda metade do século xx. Foi professora, ativista na defesa dos direitos das mulheres e dos direitos humanos em geral, ficcionista e ensaísta frequentemente premiada e amplamente traduzida. A sua escrita foi presença assídua em publicações como The New Yorker, The New York Review of Books, The New York Times, The Times Literary Supplement, entre muitas outras. Susan Sontag teve um filho, David Rieff – editor dos seus diários inéditos –, e viveu os últimos anos da sua vida com a fotógrafa Annie Leibovitz.