quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Novo romance de Nélida Piñon é uma belíssima homenagem à história, à cultura e à língua portuguesas


17 anos depois de ter publicado Vozes do Deserto, Nélida Piñon, uma das maiores escritoras da língua portuguesa, tem um novo romance. Um Dia Chegarei a Sagres será uma das publicações mais relevantes de 2021, não apenas pelo extenso currículo da autora – primeira mulher a presidir à Academia Brasileira de Letras e detentora de alguns dos principais prémios de literatura em língua portuguesa – mas também por ser uma belíssima efabulação, uma declaração de amor à língua portuguesa, um exercício superior de linguagem e de estilo. Para escrever este livro, Nélida Piñon passou mais de um ano em Portugal. Consagrado com o Prémio Pen Clube Brasil de Literatura 2020, Um Dia Chegarei a Sagres chega às livrarias nacionais a 7 de outubro, com a chancela Temas e Debates.

O livro conta a história de Mateus, um camponês que abandona o arado e parte para Sagres a fim de satisfazer uma obsessão antiga: fascinado pelas sagas dos heróis descobridores marítimos, quer encontrar o túmulo do infante D. Henrique naquela cidade. A sua busca leva-nos por uma viagem ao Portugal profundo do século XIX, nomeando as suas terras, os rios, as montanhas, a vastidão do Atlântico, evocando os seus escritores maiores. Narrada com a mestria característica de Nélida Piñon, a odisseia de Mateus é uma análise atenta e perspicaz ao esplendor e à decadência de Portugal – com as suas contradições e injustiças sociais – e uma homenagem belíssima à tradição literária e cultural portuguesa.

«A vencedora do Prémio Príncipe de Astúrias narra neste romance a sua relação com Portugal e a história dos homens portugueses, que, animados pelo espírito desbravador, se lançam às conquistas. […] Em cada passo desse camponês por sua terra, Nélida faz ecoar toda a tradição da literatura portuguesa: a grandeza de Portugal cantada por Camões em Os Lusíadas; a convocação de Fernando Pessoa em Mensagem para que o país readquira tal grandeza; a história dos anónimos, frequentemente esquecidos pelos livros de história, mas que são responsáveis pela manutenção de uma pátria, na esteira de José Saramago, em Memorial do Convento.» – Guilherme Stumpf, revista Amálgama

Sobre a Autora

Nélida Piñon nasceu em 1937 no Rio de Janeiro, numa família originária da Galiza. Formou-se em Jornalismo em 1956 na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Colaborou em vários jornais e revistas literários e foi correspondente no Brasil da revista Mundo Nuevo, de Paris. Publicou o seu primeiro romance, Guia-Mapa de Gabriel Arcanjo, em 1961. Professora catedrática da Universidade de Miami desde 1990 e doutor honoris causa das universidades de Santiago de Compostela, Rutgers e Montreal, entre outras, foi a primeira mulher a presidir à Academia Brasileira de Letras em 1996. Desde 2004 é membro da Academia das Ciências de Lisboa. A sua extensa produção literária, traduzida em diversas línguas, foi distinguida com numerosos galardões, entre os quais o Prémio Walmap (1969) pela novela Fundador; o Prémio Mário de Andrade (1972) por A Casa da Paixão; o Prémio Internacional Juan Rulfo de Literatura Latino-Americana e do Caribe (México, 1995); o Prémio da Associação Paulista dos Críticos de Arte e o Prémio Ficção Pen Clube, ambos em 1985, pelo romance A República dos Sonhos; o Prémio Iberoamericano de Narrativa Jorge Isaacs (Colômbia, 2001); o Prémio Rosalía de Castro (Espanha, 2002); o Prémio Internacional Menéndez Pelayo (Espanha, 2003); o Prémio Jabuti para o melhor romance (Brasil, 2005) por Vozes do Deserto; e o Prémio Literário Casa de las Americas (Cuba, 2010) por Aprendiz de Homero. Em 2005 recebeu o importante Prémio Príncipe de Astúrias das Letras pelo conjunto da sua obra, o primeiro escritor de língua portuguesa a consegui-lo. Em 2012, foi nomeada Embaixadora Ibero-Americana da Cultura. Em 2015, recebeu o Prémio El Ojo Crítico Iberoamericano, concedido pela Rádio Nacional de Espanha.