quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Helder Macedo é o vencedor da 10ª edição do Prémio Vasco Graça Moura



Instituído pela Estoril Sol, o Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural, em décima edição, foi atribuído a Helder Macedo, “um ilustre poeta, romancista, ensaísta, crítico, e professor que tem um percurso exemplar no campo da cidadania cultural”, referiu o júri. 

Presidido por Guilherme d`Oliveira Martins, o júri elegeu Helder Macedo, tendo em consideração que “vivendo em Moçambique, desde a sua juventude, afirmou-se como uma consciência livre, considerando a liberdade como abrangendo a criação literária e artística, mas também o reconhecimento do direito dos povos à autodeterminação e independência”. 

Na acta do júri consta, ainda, que Helder Macedo “exilado em Londres, a partir de 1960, foi colaborador da BBC e lecionou no King’s College onde ensinou Língua e Cultura Portuguesas, afirmando-se como prestigiado investigador. Após a Revolução de 25 de Abril exerceu em Portugal importantes funções na área cultural, tendo prosseguido, a par da criação literária e ensaística, uma ação persistente na cultura e educação em prol da cultura portuguesa no mundo”.

Helder Malta Macedo nasceu a 30 de novembro de 1935, em Krugersdorp, na África do Sul. Passou a infância em Moçambique e regressou a Lisboa com 12 anos, tendo posteriormente frequentado a Faculdade de Direito de Lisboa. Deu os primeiros passos no domínio da ficção literária, escrevendo um romance e alguns contos que o regime ditatorial instaurado em Portugal censurou, impedindo a sua publicação - o livro foi, após a revolução de 1974, revisto pelo autor, que decidiu não o publicar. Contudo, conseguiu editar o seu primeiro livro de poemas com 21 anos de idade.

Empenhado na sua vida académica, fez uma pausa na escrita que só retomou anos mais tarde. Jovem de convicções anti-fascistas, foi perseguido pela PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado). Exilou-se em Londres em 1960, vindo a formar-se em Literatura e História. Docente do King's College, aí realizou os seus estudos de doutoramento.

Helder Macedo, em 1991 e 1998 editou, respectivamente, os romances “Partes de África” e “Pedro e Paula”. Co-organizador de Folhas de Poesia, colaborou em várias publicações, como Graal, Hidra I ou Colóquio/Letras. No domínio do ensaio, distinguiu-se com estudos de crítica literária que apresentavam perspetivas inovadoras sobre a conexão do texto literário com o horizonte mental e cultural em que foi produzido. Na vertente da poesia, publicou “Vícios e Virtudes”, em 2000, e o livro “Viagem de Inverno” e “Outros Poemas”, uma coletânea da sua poesia, editada pela Editora Record, do Brasil.

Tendo vivido em Portugal entre 1975 e 1980, onde exerceu, durante um curto período, funções públicas e políticas, Helder Macedo tornou-se professor de Literatura Portuguesa no King's College de Londres, embora nunca abdicando da sua condição de português livre.

Instituído pela Estoril Sol, o Prémio, com periodicidade anual e com o valor pecuniário de 20 mil euros, foi criado em homenagem à memória de Vasco Graça Moura. Recorde-se que nas edições anteriores foram distinguidos, Eduardo Lourenço, José Carlos Vasconcelos, Vitor Aguiar e Silva, Maria do Céu Guerra, Carlos do Carmo, Emílio Rui Vilar, Zeferino Coelho, Graça Morais e José Pacheco Pereira.

O Júri que atribuiu o Prémio, presidido por Guilherme D`Oliveira Martins, foi integrado por Maria Carlos Gil Loureiro, José Manuel Mendes, Manuel Frias Martins, Liberto Cruz, José Carlos de Vasconcelos, Ana Paula Laborinho, e, ainda, por Dinis de Abreu, a convite da Estoril Sol.

É de referir, ainda, que nos termos do Regulamento, o Prémio Vasco Graça Moura “visa distinguir um escritor, ensaísta, poeta, jornalista, tradutor ou produtor cultural que ao longo da carreira - ou através de uma intervenção inovadora e de excepcional importância -, haja contribuído para dignificar e projectar no espaço público o sector a que pertença”.

A cerimónia da entrega do Prémio será anunciada oportunamente.