quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Tropel, de Manuel Jorge Marmelo


A Porto Editora faz chegar hoje às livrarias Tropel, de Manuel Jorge Marmelo, livro que marca a entrada do autor no catálogo da editora.

Atanas Viktor, personagem central desta incursão a um tempo de ódio, é filho de Hirónimo Viktor, o melhor caçador da comuna de Székely, tal como o seu pai e o seu avô já haviam sido. Acompanhados pelos seus camaradas do Clube de Caçadores, os Viktor patrulham as florestas da sua pátria. O jovem Atanas carrega a antiquada carabina Mosin-Nagant do único mestre de caça que conheceu e segue as pegadas de seu pai, predador que não conhece o medo.

Não procuram as espécies cinegéticas comuns: veados, gamos, cabritos-monteses ou javalis. Procuram a espécie mais desejada e mais indefesa: os estrangeiros, refugiados que ousam atravessar o território. "Delinquentes, sodomitas, traficantes de droga, ladrões de supermercado, ladrões de galinhas e potenciais terroristas", os otomanos são a praga invasora que põe em perigo os valores espirituais, morais e a soberania da grande nação.

Os caçadores e a sua ratoeira na grande vedação que protege o país são a última barreira e o garante da integridade de Székely. Quando eles me vieram buscar, já não havia ninguém que pudesse protestar, escreveu o pastor Martin Niemöller, em palavras que também são recordadas por Manuel Jorge Marmelo na abertura deste Tropel e que recordam o leitor das consequências da indiferença perante as narrativas do poder e da autoridade.

Um romance cru, bruto e um retrato possível de um tempo e espaço e das negras tensões que se propagam como um vírus e se estendem desde o cérebro político da União Europeia aos campos de acolhimento de Moria, na ilha de Lesbos. Um regresso poderoso de um grande ficcionista, vencedor, em 2014, do Prémio Casino da Póvoa/Correntes d’Escritas com Uma Mentira Mil Vezes Repetida.


Sinopse

Fica o leitor advertido de que esta ficção é completamente alheia à realidade. Tudo nela é falso, desconcertante, fictício e quase nada verídico. A viagem que aqui se empreende ao âmago da pungente metáfora que anima o Clube dos Caçadores de Székely é, todavia, inspirada em factos absolutamente reais.

Atanas Viktor, o desamparado adolescente herdeiro de uma longa linhagem de caçadores impiedosos, é a personagem central desta incursão a um tempo de ódio e de uma história apartada do mundo, marginal e contada a partir de um lugar ermo, espantoso e medonho que só existe na literatura — mas cada vez mais próximo da soleira da nossa porta.

PVP: 14,40€