terça-feira, 30 de junho de 2020

Crónica Saúde - Joana Franco



O suicídio é o acto de acabar com a própria vida. Embora a doença mental seja uma das principais causas de suicídio, este não é por si mesmo uma perturbação mental e pode ser o resultado de factores sociais, culturais, religiosos e/ou socioeconómicos, entre outros. 

Nem todas as pessoas que pensam no suicídio o fazem e nem todas as formas de auto-agressão são tentativas de suicídio. Por vezes, os comportamentos autolesivos podem ser pedidos de ajuda, formas de comunicar ou resolver problemas, tentativas de fugir a problemas ou de aliviar o sofrimento.

Contudo, pensar em suicídio não é uma resposta normal ao stress nem uma simples chamada de atenção, mas sim um sinal de que deve procurar ajuda. A falta de esperança no futuro, a impulsividade, o sentimento de estar preso e de que não há saída, o aumento de comportamentos de risco (como consumo de álcool e drogas) e o isolamento são sinais de alerta.

Perguntar a alguém se tem pensado sobre suicídio não lhe coloca essa ideia na cabeça nem faz com que a pessoa venha a cometer suicídio. Pelo contrário, mostra à pessoa que há outras pessoas preocupadas com ela própria e podem encorajá-la a procurar ajuda.

Quando as ideias de suicídio resultam de uma perturbação mental, como a depressão, doença bipolar, ou esquizofrenia, existem tratamentos eficazes que aliviam o sofrimento da pessoa e reduzem o risco de suicídio. Deve procurar ajuda de um profissional de saúde.

Comportamentos autolesivos 
Comportamentos autolesivos (CAL) são comportamentos em que a pessoa tem a intenção de se magoar ou de causar lesões a si própria. Podem assumir diversas formas, como cortes, ingestão de medicação em excesso, entre outros. Normalmente, são realizados sem a intenção suicida, mas sim como uma tentativa de atenuar o sofrimento.

A adolescência é uma fase da vida caracterizada por importantes mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais. Surge uma enorme curiosidade pelo mundo em redor e há uma importante exploração da sexualidade. A relação com os pares intensifica-se e procura-se um sentido de pertença social. Nesta procura de identificações e construção da identidade por vezes é difícil manter um sentimento de bem estar, o que pode levar a falta de esperança no futuro e a dificuldades em conseguir lidar com as emoções. Em determinadas situações, instala-se um intenso mal-estar que se pode traduzir em comportamentos autolesivos como forma de alívio.

São conhecidos alguns factores que, separadamente ou em conjunto, podem estar relacionados com os CAL:
- Doença mental, especialmente Depressão, Ansiedade e Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção;
- Abuso de substâncias psicoactivas;
- Impulsividade;
- Baixa autoestima;
- Dificuldades na resolução de problemas a nível social;
- Perfeccionismo;
- Desesperança;
- Eventos de vida negativos, como por exemplo: separação dos pais, morte dos pais, experiências adversas na infância, história de abuso sexual ou físico, doença mental parental, história familiar de comportamentos suicidas, discussões familiares frequentes, bullying, dificuldades interpessoais.

Se responder afirmativamente às seguintes questões, deve pedir ajuda a um profissional de saúde mental.
- Pensa na morte?
- Já pensou em magoar-se?
- Já pensou em suicídio?
- São muito frequentes estes pensamentos? Há muito tempo?
- É difícil contrariar estas ideias?
- Tem intenção de morrer?
- Tem acesso a meios para tal comportamento?
- Tem um plano estruturado?
- Sente que as coisas não podem melhorar? Que não há esperança no futuro?
Como prevenir estas situações?
- Pedir ajuda em situações de crise a pessoas próximas e de confiança ou directamente a profissionais de saúde como médico de família, serviço de urgência de Pedopsiquiatria ou Psiquiatria;

Onde encontrar ajuda?
- Médico de família, Psiquiatra ou Psicólogo;
- Serviço de Urgência;
- Ligar para o 112;
- Linha SOS Voz Amiga (entre 16 e 24h): 21 354 45 45  / 91 280 26 69 / 96 352 46 60.

Uma boa semana. Até lá, cuidem sempre da vossa saúde. Da vossa e da dos que os rodeiam. Procure ajuda especializada quando necessário, sem preconceito.


Apresentação Joana Franco

Chamo-me Joana Franco, tenho 32 anos, e sou natural de Geraldes, aldeia pertencente ao Concelho de Peniche.
Enfermeira de Profissão, terminei o Curso de Licenciatura em Enfermagem na Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil, em Lisboa, no ano de 2010.
Nos anos mais recentes abracei desafios noutros países, nomeadamente Dubai onde fiz parte um projecto na área de Turismo, e em Inglaterra, onde trabalhei como Enfermeira em “Nursing Homes”, a cuidar de Pessoas com Demência.
Em Portugal, demonstrei o meu trabalho como Enfermeira no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, Hospital Júlio de Matos e, actualmente, trabalho na Clínica Psiquiátrica de Lisboa, em Telheiras.
Sou uma pessoa que aceita novas aventuras e, como tal, aceitei o convite de escrever para o Blog ‘Cultura e não Só’, em que apresento novos pontos de vista e dicas para tornar melhor a saúde do leitor.