Considerando a bibliografia rica de Pedro Eiras, dispersa por ficção, contos, ensaios e teatro, dizer que Inferno é a sua estreia na poesia poderá fazer franzir alguns sobrolhos. É verdade que o seu livro Arrastar Tinta, publicado em 2008 pela Deriva Editores, é considerado por muitos um livro de poesia, mas para o autor esse livro é literalmente um «catálogo de pintura». É verdade que algum do seu teatro é escrito em verso, mas não deixa de ser teatro. Inferno é o primeiro volume de um tríptico que muito literalmente visita a obra de Dante Alighieri, e que continuará com Purgatório e Paraíso. Com uma abordagem muito particular para cada um destes livros, em Inferno podemos encontrar uma escatologia dos tempos modernos, uma visita às almas danadas de hoje através de um prisma eminentemente sociológico que reflete e nos faz refletir intensamente sobre a sociedade contemporânea, sem nunca perder de vista a empatia com o outro. Que este livro seja publicado no contexto que todos conhecemos, é um mero acaso.
A 23 de Junho, a partir das 19h00, decorre o lançamento online da obra, no Facebook da Assírio & Alvim, num live streaming protagonizado pelo autor em conversa com o poeta e ensaísta Luís Quintais e com o seu editor, Vasco David.