Durante treze anos, a guerra colonial enviou para África uma geração de rapazes sem qualquer preparação para o que iriam encontrar e onde tantas vezes tiveram de matar para não morrer. Na metrópole deixaram as vidas em suspenso, na esperança do regresso dois anos mais tarde.
De camuflado vestido, embarcados em navios que partiam para Angola, Moçambique e Guiné enquanto os lenços brancos acenavam no cais, estes jovens deixaram para trás os afetos: mães e pais, namoradas e esposas, irmãos e irmãs ficavam em terra a lidar com as saudades e o medo de os perder. A troca de correspondência, através do Serviço Postal Militar, foi fundamental para os que partiam e para os que ficavam – e por isso dez toneladas de correio ligavam diariamente os militares às suas famílias. Entre 1961 e 1975 circularam milhões de aerogramas que levavam e traziam a saudade, o amor… e tantas notícias devastadoras para ambos os lados.
Sobre a Autora
Marta Martins Silva nasceu em Aveiro em 1984, numa altura em que o país lidava com a recessão económica e o FMI. Não sabe se foi isso que a afastou dos números e a aproximou das palavras desde que se conhece. Encontrou no jornalismo, que exerce desde 2007 na revista Domingo do Correio da Manhã, a junção de duas das suas grandes paixões: a escrita e as pessoas. Agradam-lhe as histórias reais, pela verdade dos protagonistas que as vivem e porque não há melhor guião do que a vida daqueles com quem todos os dias se cruza.
Desde os bancos da escola que se interessa pela História do país, mas nos últimos dez anos, fruto dos contactos frequentes com os ex-combatentes da Guerra Colonial para a revista Domingo, apaixonou-se pelo tema do Ultramar e pelas histórias que a História esconde. Em 2020 publicou o seu primeiro livro, Madrinhas de Guerra – A correspondência dos soldados portugueses durante a Guerra do Ultramar.