quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

KINO 2017 apresenta duas sessões de curtas-metragens e cinco documentários na secção KINOdoc


A 14.ª edição da KINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã apresenta duas sessões de curtas-metragens e cinco documentários que recuperam temas que foram centrais na edição passada, como a fuga e o refúgio.

A ideia de partida e abandono de um lugar está desde logo presente no filme de abertura da secção KINOdoc, apresentado em colaboração com a Embaixada da Áustria. Homo Sapiens, de Nikolaus Geyrhalter, realizador austríaco que já passou tanto pelo doclisboa (com Our daily bread e Abendland) como pelo IndieLisboa (com Over the years), é filmado nas ruínas e nos espaços vazios da época industrial parcialmente recuperados pela natureza. São espaços nos quais a humanidade parece ter desaparecido e que, justamente por isso, remetem para a existência humana e para os traços por ela deixados - um presente pós-apocalíptico.

A abordagem à questão dos refugiados e do estado da Europa está presente em documentários como Friedland, da realizadora Frauke Sandig, que relata as experiências e sentimentos de pessoas que se cruzam no campo de refugiados da localidade com o mesmo nome na Baixa Saxónia ou em Havarie (Naufrágio), o trabalho experimental de Philip Scheffner construído a partir de um vídeo do YouTube que mostra o salvamento de 13 pessoas a bordo de um barco de borracha no Mediterrâneo, uma barreira difícil de ultrapassar para quem ambiciona chegar à Europa.

O documentário de David Bernet, Democracy – Im Rausch der Daten (Democracia – Na onda dos dados) é também um filme genuinamente europeu, embora num sentido diferente: não olha para fora das fronteiras do continente, mas para dentro dos processos legislativos da União Europeia. Desenhando a imagem de uma complexa estrutura de poderes, Democracy questiona o estado da democracia na Europa no contexto de uma das questões políticas mais iminentes: Big Data e a proteção da privacidade da população.

Die Prüfung (A Prova), por sua vez, integra-se no foco Novas Perspetivas da KINO, criado em 2016 a fim de dar destaque a primeiras e segundas longas-metragens de jovens realizadores de língua alemã. Estreado, no ano passado, na secção Perspektive Deutsches Kino da Berlinale, o documentário de Till Harms acompanha o exame de acesso à Escola de Teatro Estatal de Hanôver – dirigindo o olhar para um lado a que raramente se presta atenção, o da comissão examinadora.

As duas sessões de curtas-metragens também estão sob o foco Novas Perspetivas. A primeira sessão de curtas apresenta um programa elaborado pelo Goethe-Institut em colaboração com o festival internacional de curtas-metragens de Oberhausen que, sob o título Zur Rettung der Popkultur (Salvando a cultura pop), reúne vídeoclips experimentais do MuVi-Award dos anos 2007 a 2015. A sessão Curtas 2 – KINO em Curtas, por sua vez, agarra as tendências temáticas da Mostra Principal: o olhar sobre a vida de personagens peculiares (Ein Aus Weg, Julian) e questões de imigração (Ali sein Garten), entre outras. A última curta-metragem desta sessão, Die Frau und die Landschaft, é um filme animado baseado num conto de Stefan Zweig – autor a quem a KINO dedica, este ano, a sessão de encerramento com a exibição de Vor der Morgenröte (Stefan Zweig – Adeus, Europa) de Maria Schrader.

A realizadora Maria Schrader e o co-autor do guião Jan Schomburg estarão presentes nesta sessão que é apresentada em colaboração com a Embaixada da Áustria e a Alambique Filmes. O filme terá estreia nas salas de cinema nacionais a 23 de Fevereiro, assinalando a data da morte do autor.