sexta-feira, 2 de outubro de 2020

A Caixa de Correio de Nossa Senhora



Fátima tem mais segredos para revelar do que os confiados aos pastorinhos. No santuário, existe um arquivo com cerca de oito milhões de mensagens enviadas a Nossa Senhora, oriundas de todo o mundo e escritas por pessoas das mais variadas classes sociais. «Com uma escrita que se revela como uma conversa com a amiga mais íntima.» Um conjunto de documentos praticamente desconhecido que o autor e jornalista António Marujo traz para a luz do dia, com o livro A Caixa de Correio de Nossa Senhora. Uma investigação inédita que a Temas e Debates faz chegar aos escaparates a partir de hoje.

Se cada carta tem os seus interesses e mistérios, «todas juntas revelam muito do que era o país, há poucas décadas, marcado ainda pelo analfabetismo, pobreza e falta de proteção social.» Focando-se apenas nas cartas enviadas até 1977, António Marujo traça um retrato único de uma parte da sociedade portuguesa poucas vezes representada, onde são reveladas as suas opiniões sobre a guerra e a paz, a fé e a descrença, amores proibidos, saúde e dinheiro, justiça e política. Como se novos segredos de Fátima se revelassem aos nossos olhos. «Na sequência do que outros têm defendido, torna-se, por isso, evidente que cada vez menos Fátima deve ser um fenómeno unívoco, mas reflete antes a complexidade cultural, social, política e religiosa, seja do país, seja do próprio catolicismo.»

Sinopse
Correio de Nossa Senhora, em Fátima. Nele encontramos muitos mistérios e declarações, pedidos de saúde ou de emprego para o próprio ou para outras pessoas, amores proibidos e confessados, crimes escondidos, desilusões amorosas, angústias existenciais, orações pela paz no mundo e pela «conversão dos pecadores» ou da Rússia, pelo fim da Guerra Colonial na sua dimensão política (a derrota dos «terroristas» ou do «comunismo») ou mais pessoal (o regresso de um filho, um namorado, um neto mobilizados) … Se em cada mensagem há um mistério, todas juntas revelam muito do que era o país, há poucas décadas, marcado ainda pelo analfabetismo, pobreza e falta de proteção social. E revelam, também, muito do que foi e é importante na vida de milhões de portugueses e estrangeiros: os pedidos para que filhos, netos, noivos ou namorados regressem da guerra, sãos e salvos; que o pai deixe de bater na mãe; que o marido deixe a vida dissoluta; que a mulher deixe de ser ofensiva e aceita a família do cônjuge; que os pais se deem bem; que se consiga o emprego necessário; que se encontre um noivado ou um namorado desejado; que se resolvam problemas de saúde ou se obtenha a passagem nos exames para os quais (pouco o nada) se estudou… Uma investigação inédita que desvenda, pela primeira vez, um arquivo até agora desconhecido. 

Sobre o Autor
António Marujo (Águeda, 1961) é licenciado em Comunicação Social e jornalista desde 1985. Trabalhou nas redações do Expresso, revista Cáritas e Diário de Lisboa. Colaborou nos programas «Toda a gente é pessoa» (Antena 1) e «Setenta Vezes Sete» (RTP). Em Setembro de 1989 integrou o núcleo fundador do Público, onde esteve até Janeiro de 2013, sendo responsável pela informação religiosa. Venceu o Prémio Europeu de Jornalismo Religioso na imprensa não confessional (Conferência das Igrejas Europeias e Fundação Templeton) em 1995 e 2006. Publicou, entre outros, Papa Francisco – A Revolução Imparável (Manuscrito, coautoria com Joaquim Franco), Lugares do Infinito (Paulinas), A Lista do Padre Carreira (Vogais), Deus Vem a Público (Pedra Angular), Diálogos com Deus em Fundo (Gradiva, traduzido em Espanha) e Vidas de Deus na Terra dos Homens (Círculo de Leitores). Com Julieta Dias, organizou cinco antologias de textos de Frei Bento Domingues (Temas e Debates/Círculo de Leitores).