terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

«Do 25 de Abril de 1974 ao 25 de Novembro de 1975» de Irene Flunser Pimentel



«Devido a um acidente e a doença, António de Oliveira Salazar foi substituído, na presidência do Conselho de Ministros, por Marcello Caetano, por decisão do presidente da República, almirante Américo Tomás, em 27 de setembro de 1968. Após convocar uma reunião do Conselho de Estado, o presidente anunciou que, “atormentado” por “sentimentos afetivos de gratidão”, decidira exonerar Salazar e nomear Marcello Caetano. Salazar manteve no papel todos os poderes e honras, com direito de permanecer na própria casa oficial do presidente do Conselho, constando que ninguém se atreveu a dizer-lhe que já não dirigia o país.»

Assim principia, em setembro de 1968, e a poucos anos do golpe de Estado que nos abriria as portas para a democracia e possibilitaria a criação do Estado social, a liberdade de associação, pensamento, ação e mobilidade social, Do 25 de Abril de 1974 ao 25 de Novembro de 1975 – Episódios menos conhecidos – documento de leitura obrigatória em que Irene Flunser Pimentel revisita as principais instituições de poder erguidas quer entre os militares, quer entre os principais partidos políticos portugueses, durante o processo que se desenvolveu entre os anos finais da ditadura e o 25 de Novembro de 1975.

Recorrendo adicionalmente ao trabalho de historiadores como José Medeiros Ferreira, António Reis, César de Oliveira, Maria Inácia Rezola e José Manuel Lopes Cordeiro, a historiadora doutorada em História Institucional e Política do século XX publica, no ano em que se celebra o cinquentenário da Revolução dos Cravos, uma investigação rigorosa que, percorrendo os últimos anos do regime ditatorial e as dificuldades nas colónias, o início de 1974 e o 25 de abril, o ano do PREC e o 11 de março, a institucionalização do MFA e a criação do Conselho da Revolução, o tumulto do Verão Quente e o 25 de novembro de 1975, constitui um novo e inegável contributo para a historiografia portuguesa.

Sobre a Autora

Irene Flunser Pimentel é mestre em História Contemporânea (Século XX) e doutorada em História Institucional e Política Contemporânea, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.  

Investigadora do Instituto de História Contemporânea (FCSH da UNL), é autora de História das Organizações Femininas do Estado Novo (2000, Prémio Carolina Michaëlis em 1999), de Fotobiografia de Manuel Gonçalves Cerejeira (2002), de Judeus em Portugal durante a Segunda Guerra Mundial. Em Fuga de Hitler e do Holocausto (2006, Prémio exaequo Adérito Sedas Nunes, atribuído pelo Instituto de Ciências Sociais em 2007), de A História da PIDE (2007, Prémio Especial Máxima em 2008), de Tribunais Políticos. Tribunais Militares Especiais e Tribunais Plenários durante a Ditadura e o Estado Novo, em coautoria com Fernando Rosas, João Madeira, Luís Farinha e Maria Inácia Rezola (2009), de Fotobiografia de José Afonso (2009), de A cada um o seu lugar (2011, Prémio Ensaio 2012 da Máxima), de O Caso da PIDE/DGS (2017), de Holocausto (2020, vencedor do Prémio Fundação Calouste Gulbenkian, na categoria «História da Europa», em 2021) e de Informadores da Pide – Uma Tragédia Portuguesa (2022). Foi distinguida com o Prémio Pessoa em 2007 e com o Prémio Seeds of Science, na categoria «Ciências Sociais e Humanas», em 2009, e condecorada com a Ordem Nacional da Legião de Honra pelo Governo de França em 2015.