Amiúde esquecidas e raramente castigadas, as mentiras dos que ostentam o poder têm sempre um objetivo claro: mudar o curso da História. Chefes de estado, políticos ou líderes militares, apoiados pelas suas hierarquias, não têm escrúpulos em mentir, através da rádio ou da televisão, a milhões de pessoas, e até sob juramento, às mais altas autoridades e instituições. Utilizam serviços secretos, estratégia militar e agências de comunicação para tornar as suas mentiras mais credíveis. O seu único lema é: quanto maior for a mentira, mais acreditarão nela. Em assuntos de estado, todos e cada um dos meios podem se r utilizados para certificar ou ocultar uma operação. Sendo que, ao serviço de uma nação, mentir, significa reinventar o mundo.
Ep.1. 1972: Watergate Sexta-feira 12 de fevereiro, 22h30
Durante as eleições de 1972, Richard Nixon não poupou esforços e meios para continuar como responsável pela nação mais poderosa do mundo. A Casa Branca até recrutou uma equipa de 50 pessoas. Houve espionagem aos seus adversários do partido democrata, escutas em telefones, roubo de documentos, uso de fundos reservados, mentiras presidenciais, utilização indevida da estrutura governativa... Pouco a pouco, a verdade começou a vir à luz, a conta-gotas, até à renúncia final de Nixon, em agosto de 1974. Era revelado o caso Watergate, o escândalo de corrupção ao mais alto nível, que obrigou um presidente dos Estados Unidos a apresentar a demissão.
Ep.2. 2003: A Guerra do Iraque Sexta-feira 19 de fevereiro, 22h30
No dia 12 de setembro de 2002, George W. Bush garantiu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que o Iraque possuía armas de destruição maciça e que representava uma ameaça para os Estados Unidos, sobretudo através das suas ligações à Al Qaeda. “Temos informação, em primeira mão, sobre estas instalações da morte”, explicou Colin Powell, Secretário de Estado, diante da ONU. E, no entanto, era tudo falso. Uma invenção idealizada por um zé ninguém e assumida pelo governo norte-americano serviu de desculpa para a invasão do Iraque, em 2003. Uma propaganda enganadora que teve um impacto geopolítico de magnitude máxima.
Ep.3. 1985: O Rainbow Warrior Sexta-feira 26 de fevereiro, 22h30
No verão de 1985, o Rainbow Warrior, nau almirante do Greenpeace, deslocou-se à Nova Zelândia para realizar uma ação de protesto, a grande escala, contra os testes nucleares franceses na Polinésia. A 10 de julho, agentes da DGSE (Direção Geral de Segurança Externa, da França) fizeram detonar duas cargas explosivas que afundaram o barco, matando um fotógrafo da organização. O escândalo foi monumental. Tratava-se da mais grave violação à soberania territorial que a Nova Zelândia tinha alguma vez sofrido. Mitterrand, que sabia dessa operação desde o início, tentou desativar a crise. Começava uma ampla e perniciosa campanha de intoxicação.