quarta-feira, 5 de julho de 2017

Festival de Almada no D. Maria II


A edição deste ano do Festival de Almada traz ao D. Maria II três espetáculos às salas Garrett e Estúdio.

Nos dias 6 e 7 de Julho, Bovary, uma encenação de Tiago Rodrigues / TNDM II, é apresentado na Sala Garrett. Um espetáculo distinguido pela crítica francesa com o prémio de Melhor Criação de uma Peça em Língua Francesa. Neste Bovary, Tiago Rodrigues recria, com atores franceses, a peça estreada em 2014, no São Luiz, e que passou pelo D. Maria II, em 2015. Este é um espetáculo que orbita em torno do julgamento de Flaubert por atentado à moral e à religião, em 1857, aquando da publicação do romance em fascículos na revista literária do século XIX, La Revue de Paris.

A 12 de Julho, os alunos finalistas do curso de Teatro da Escola Superior de Teatro e Cinema sobem ao palco da Sala Estúdio para a apresentação de Primeira Imagem, projeto que este ano contará com a direção de John Romão. A questão de como lidar com o presente tem sido colocada de forma mais ou menos direta pelo encenador nas suas criações. Com os alunos da escola, propõe-se a dirigir uma criação onde, em conjunto, vão aproximar-se mais uma vez da pergunta: “como fazer para exprimir o presente da época presente?”. O espetáculo estará em cena até 16 de Julho e é de entrada livre.

Nos dias 15 e 16 de Julho, chega-nos Vangelo, de Pippo Delbono, que será apresentado na Sala Garrett. Vangelo foi uma sugestão da mãe de Delbono. Poucos dias antes de morrer, perguntou-lhe por que razão não fazia ele um espetáculo sobre o Evangelho. À mente do criador italiano vieram primeiro as recordações de infância, a frase de um filme de Peter Greenaway e todas as coisas boas e más que daí advieram: o fanatismo e a fé, a mentira e a arte, a falsa moral e a poesia. As viagens que se sucederam trouxeram-lhe imagens, mas a iconografia religiosa deixou-se contaminar pelos instantâneos de um mundo em mudança e pelos rostos daqueles que, como refugiados, partilharam consigo as suas histórias. Marx e Pasolini intrometeram-se algures a meio do caminho. No final, das Escrituras restava  sobretudo a necessidade de amor que a mãe evocara.